Munição enviada pelos EUA é revestida com urânio depletado, com radioatividade nociva | Foto: Reprodução

“Devido ao fornecimento de munição norte-americana e britânica radioativa e altamente tóxica com urânio empobrecido, a Ucrânia está se transformando em uma terra inabitável”, alertou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em comunicado sexta-feira (25) em que frisou que “a contaminação do solo por radiação já está acontecendo e está sendo objetivamente registrada”.

A representante russa defendeu que, em defesa da própria saúde, os ucranianos devem exigir que os Estados Unidos e a Inglaterra removam de imediato do seu país a “munição suja” já disseminada contra o Iraque e a Iugoslávia, e que lá multiplicou o câncer de forma assustadora.

Na avaliação de Zakharova a situação é tão grave que as consequências destas munições podem afetar – e contaminar – a vizinha Polônia, onde em maio houve um aumento significativo de radiação.

“Um pico característico – uma explosão de radioatividade – foi registrado em números iguais nas províncias orientais da Polônia. O motivo é provavelmente o mesmo que na Ucrânia: a detonação de munição com urânio empobrecido, que foi colocada em um armazém na cidade de Khmelnitsky [onde o índice de radiação dobrou]”, explicou Zakharova.

O Parlamento da Itália, país cujo Exército participou na agressão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Iugoslávia (1999), relembrou a porta-voz, publicou em 2015-2017 um relatório sobre os danos causados pelo uso de urânio depletado e tório radioativo entre os militares italianos. Segundo o relatório, dos 7.500 militares expostos a substâncias tóxicas e radiações, 372 morreram (uma pessoa em 20, com uma taxa de mortalidade de 5%). “E eles morreram de complicações insuportáveis do câncer”, acrescentou.

NO IRAQUE, BOMBAS COM URÂNIO MULTIPLICARAM CASOS DE CÂNCER POR 40

“De acordo com o governo iraquiano, a incidência de câncer no país como consequência do uso de munição de urânio empobrecido passou de 40 para 1.600 casos por 100.000 habitantes em 2005. A esse respeito, Bagdá entrou com uma ação em 26 de dezembro de 2020 perante a Corte Internacional de Arbitragem de Estocolmo contra Washington, exigindo indenização pelos danos causados”, condenou o chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas russas, tenente-general Igor Kirillov.

O portal Declassified UK divulgou no final de março um vídeo em que soldados estadunidenses e ingleses ensinam a artilheiros e comandantes ucranianos usarem munição com urânio depletado para o tanque Challenger 2. A utilização desta arma – como já comprovada nos bombardeios contra a Iugoslávia e o Iraque – disseminou tumores malignos inclusive em crianças que viviam em regiões atingidas por seus bombardeios.

Especializado em investigar crimes de guerra encobertos, o Declassified UK veiculou filmagens com tripulações ucranianas de tanques sendo treinadas no uso da arma cancerígena durante um curso no Reino Unido. No vídeo, réplicas de projéteis de urânio foram colocadas sobre uma mesa em frente aos militares do fantoche Volodymyr Zelensky, que ouvem com atenção os cuidados e orientações para o manuseio.

Em 25 de abril, o Reino Unido admitiu ter fornecido munições de urânio empobrecido às tropas de Kiev, enquanto os tentaram minimizar o abastecimento alegando que a sua utilização era comum.

Fonte: Papiro