Trabalhadores tomaram as ruas de Montevidéu por recursos para Saúde e Habitação | Foto: PIT/CNT

Os sindicatos uruguaios reunidos na central unificada denominada Plenária Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), realizaram nesta terça-feira (22) uma paralisação parcial de quatro horas com uma grande mobilização, na qual reivindicaram a redução da jornada de trabalho de 48 para 40 horas semanais, a defesa do trabalho e dos salários, dos direitos à habitação, à saúde e à educação pública, a denúncia da fome e da precarização do trabalho, a defesa das empresas públicas, contra o seu desmantelamento e a alienação do patrimônio do Estado.

“Desafiamos o debate público que é necessário para que o nosso povo tenha todos os fundamentos claros daquela que consideramos ser a principal lei laboral a aprovar no futuro imediato”, afirmou o presidente do PIT-CNT, Marcelo Abdala, durante discurso que fez aos milhares de trabalhadores que se mobilizaram e depois se reuniram em frente ao Ministério da Economia e Finanças do país sul-americano, condenando a reforma das pensões do governo de Lacalle Pou e que foi aprovada pela coligação que o sustenta no Parlamento.

“Queremos que se torne lei, como a lei laboral mais importante deste século XXI a redução da jornada de trabalho de 48 para 40 horas semanais”, disse o presidente da central sindical, que desafiou os partidos políticos a aprovarem legislação a este respeito.

“A reforma é o modo mais brutal de ataque aos direitos e rendimentos da grande maioria do povo trabalhador”, denunciou, reafirmando a decisão tomada pela direção da PIT-CNT de submeter a reforma a referendo, a uma consulta popular. No caso de se juntarem as assinaturas necessárias, a consulta teria lugar, em princípio, na mesma data das próximas eleições gerais, marcadas para Outubro do próximo ano.

O líder sindical se referiu também às mudanças na Segurança Social e à reforma no sector da Educação articulada pelo governo.

A Avenida Libertador, em Montevidéu, «foi pequena», disse ao destacar a enorme adesão à mobilização, que reuniu um amplo tecido social «que não se resigna a ver como uns quantos enriquecem, aumentam o seu patrimônio de forma obscena». «Haverá um antes e um depois da mobilização», frisou o secretário-geral do PIT-CNT no final.

“A FOME É QUESTÃO POLÍTICA”

Em resposta às críticas que o governo fez à greve e à manifestação, afirmando que era «política», Abdala disse que sim, e «a fome é política, a habitação também o é, como a educação, o trabalho e o salário, porque são necessárias políticas públicas para dar respostas à população».

Ao falar, na sua intervenção, das exigências do povo e dos trabalhadores uruguaios, o secretário-geral do PIT-CNT criticou o «fechamento» do governo e instou o presidente Lacalle Pou a ouvir «os de baixo, o seu povo».

No ato, foi denunciada ainda a especulação financeira, a entrega dos recursos naturais do país ao capital estrangeiro, bem como o desmantelamento do sector público e o ataque à proteção do Estado.

Fonte: Papiro