Estojo do Patek | Foto: Reprodução/PF

O ex-presidente Jair Bolsonaro não entregou à União e nem falou onde está o relógio de luxo Patek Philippe, que ganhou de “presente” de Bahrein, em 2021, e vendeu nos Estados Unidos, em 2022.

A existência do relógio só foi revelada pela investigação realizada pela Polícia Federal.

Até agora, a PF não conseguiu encontrar o objeto, mas identificou que Jair Bolsonaro o vendeu junto com outro, um Rolex de ouro branco, pelo valor de US$ 68 mil (aproximadamente R$ 340 mil), em uma loja dos Estados Unidos.

Bolsonaro recebeu o relógio de “presente” em sua viagem ao Bahrein, em novembro de 2021. Na mesma ocasião, recebeu uma escultura de “árvore” e uma de “barco”, que não foram vendidas porque eram “somente” folheadas de ouro.

Como não tinha ciência de que esse relógio de luxo foi desviado por Jair Bolsonaro, o Tribunal de Contas da União (TCU) não determinou que ele fosse devolvido ao Estado brasileiro, como fez com outras joias.

Por terem conseguido manter segredo sobre o objeto de luxo, Jair Bolsonaro e seus assessores não precisaram realizar uma “operação resgate” para “recomprar” o relógio.

O relógio Patek Philippe, marca de luxo muito conceituada, não foi citado nos documentos do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), responsável por fazer a triagem entre o que deve ser do acervo público e o que pode ser apropriado pelo presidente.

Durante uma viagem ao Bahrein, que aconteceu em 2021, o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, enviou fotos e prints com informações do relógio para um contato chamado “Pr Bolsonaro Ago/21”.

O certificado do relógio, guardado por Cid em seus arquivos online, mostra que ele foi vendido por uma loja de Bahrein, mostrando que Jair Bolsonaro recebeu o objeto de presente durante essa viagem.

Segundo a Polícia Federal, o relógio “sequer foi submetido à catalogação pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) e teria sido desviado, de forma direta, ao patrimônio do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.

Várias fotos do relógio, inclusive com seu Certificado de Origem, foram encontradas nos arquivos de Mauro Cid. Em seu e-mail, ele guardou informações sobre o valor do bem: US$ 51.665,00, o equivalente a R$ 258 mil.

Em junho de 2022, durante viagem para os Estados Unidos, o ajudante de ordens ficou responsável por vender o Patek Philippe e um Rolex Day-Date de ouro branco para a loja Precision Watches, na Pensilvânia.

No mesmo dia, a Precision Watches fez uma transferência no valor de US$ 68 mil para o pai de Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid. Esse montante equivale a R$ 340 mil.

De acordo com a Polícia Federal, Lourena Cid recebeu o dinheiro em nome de Jair Bolsonaro, como um laranja.

O Rolex Day-Date era parte de um kit de joias de ouro branco, que foi dado para Jair Bolsonaro pela Arábia Saudita em 2019.

Como reportagens conseguiram revelar a existência desse presente, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que Bolsonaro entregasse o Rolex à União.

No entanto, ele já tinha vendido a joia.

Por isso, foi montada a “operação resgate”. O advogado Frederick Wassef viajou para os Estados Unidos e foi até a Precision Watches para recomprar o relógio e entregá-lo a Jair Bolsonaro – que conseguiu devolvê-lo ao Estado brasileiro.

Fonte: Página 8