Lançamento da missão Luna 25 | Foto: AFP

O módulo Luna-25 entrou na órbita do satélite natural da Terra na quarta-feira (16), anunciou a Roscosmos, a corporação estatal russa de atividades espaciais. A manobra foi concluída às 12h03 (horário de Moscou).

Esta é a primeira vez na história pós-soviética da Rússia que uma estação automática entrou na órbita da Lua. A aterrissagem da sonda no polo sul da Lua está planejada para 21 de agosto. A Luna-25 foi lançada na sexta-feira desde o cosmódromo de Vostochny, no extremo leste da Rússia. Quase 50 anos se decorreram desde que a então União Soviética enviou a Luna-24 à Lua.

Graças às novas tecnologias e uso de materiais compostos, a Luna-25 pesa um terço da antecessora, equivalendo a um carro de 1,8 toneladas. A estação carrega 31 quilos de equipamentos científicos e está equipada com um total de oito câmeras e um braço robótico.

A entrada em órbita lunar foi possível graças a dois acionamentos do sistema de propulsão automática da estação. O primeiro, às 11h57 (horário de Moscou), pelo motor de frenagem corretiva, que durou 243 segundos. O segundo, o acionamento suave dos motores de pouso por 76 segundos. Todos os sistemas da Luna-25 “estão funcionando normalmente e a comunicação com ela é estável”, segundo a Roscosmos.

Agora, a espaçonave irá orbitar a Lua a uma altitude de 100 quilômetros pelos próximos dias, enquanto realizará medições de trajetória, com os operadores tendo que decidir entre três locais de pouso – o principal ao norte da cratera Boguslavsky e dois locais de reserva.

A expectativa é que a Luna-25 seja a primeira estação a realizar um pouso suave em uma região circumpolar com terreno acidentado. Todas as suas antecessoras pousaram na zona equatorial.

A escolha do Pólo sul lunar menos hospitaleiro se deve a que os cientistas acreditam que existem depósitos de gelo de água na área do pouso. Além disso, o pólo sul é constantemente iluminado pelo Sol, o que significa que painéis solares podem ser colocados ali para gerar energia para futuras missões.

A estação russa fará também perfurações em busca de água – tanto para evitar a necessidade de transportar água da Terra para futuras missões tripuladas, quanto para a realização de estudos científicos. A existência desses depósitos de água conformaria um pré-requisito para o assentamento humano permanente. Tanto para consumo de tripulações enviadas, quanto para produzir hidrogênio (fonte de energia) e oxigênio.

Acredita-se que a água tenha chegado à Lua por meio de cometas, portanto, ao analisá-la, os cientistas poderiam “descobrir algo novo sobre a história da Lua, bem como as leis fundamentais do Universo”, explicou Aleksandr Bloshenko, da Roscosmos.

A Luna-25 também estudará a radiação na Lua e a poeira lunar, com o objetivo de usar esse conhecimento para garantir a segurança de futuras missões tripuladas.

Segundo a RT, a primeira etapa do novo programa lunar da Rússia inclui a criação de um módulo base de uma estação lunar e o teste de uma espaçonave tripulada. Mais três missões ‘Luna’ serão enviadas à Lua nos próximos dez anos. Também terá início o desenvolvimento do foguete superpesado Yenisei. A segunda etapa incluirá o pouso de cosmonautas russos entre 2025 e 2035. Espera-se que a tripulação passe duas semanas na Lua e estabeleça as bases para uma base lunar permanente.

A China esteve presente no lançamento da Luna-25 em Vostochny com uma delegação liderada por Wu Yanhua, projetista-chefe do maior projeto de exploração do espaço profundo da China, a convite da Roscosmos. Ele parabenizou a Rússia por sua primeira missão lunar em quase 50 anos e trocou opiniões sobre o aprofundamento conjunto da cooperação bilateral na exploração do espaço profundo.

O diretor-geral da Roscosmos, Yury Borisov, que recepcionou a delegação chinesa, e Wu compartilharam as últimas atualizações sobre a Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS) na qual a China e a Rússia estão trabalhando em conjunto desde 2021.

A China, que teve praticamente de partir do zero, conseguiu criar um programa espacial com conquistas notáveis. Inclusive o inédito feito de pousar no lado oculto da Lua pela primeira vez na história e de enviar uma sonda que recolheu e trouxe de volta a Terra amostras do solo lunar pela primeira vez em quase 50 anos, o pouso de uma sonda em Marte em 1991 e a construção de sua própria estação espacial orbital, Tiangong (Palácio Celestial).

Outra nação do BRICS, a Índia, também está realizando seu próprio programa espacial e, inclusive, nesse momento, sua sonda Chandrayaan-3 está prestes a realizar um pouso na Lua.

Fonte: Papiro