Devastação foi mais grave na cidade de Lahaina | Foto: AFP

O número de mortos nos incêndios florestais na ilha de Maui, no Havaí, que destruiu a histórica cidade de Lahaina, subiu para 96, de acordo com um comunicado do condado de Maui, divulgado no domingo (13). “As equipes de combate a incêndios continuam a extinguir focos em Lahaina e Upcountry Maui”, acrescenta a nota. É o pior desastre natural desde que o Havaí se tornou Estado em 1959.

“Foi-se tudo, tudo. É de partir o coração”, lamentou-se Anthony Garcia, 80 anos, que morava em Lahaina há cerca de 30 anos. Os sobreviventes remexem as cinzas na esperança de encontrar fotos ou objetos. Dos comércios, hotéis, prédios e restaurantes que faziam o encanto desta cidade litorânea de 13.000 habitantes, quase nada sobrou, registrou a AFP.

O incêndio foi “incrivelmente devastador”, de acordo com Jeremy Greenberg, um funcionário da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema) entrevistado pela MSNBC. “Esses tipos de incêndio podem se espalhar por uma distância equivalente a um campo de futebol americano em 20 segundos ou menos. »

Os bombeiros tiveram que combater vários incêndios simultâneos alimentados por ventos fortes, eles próprios alimentados pela força do furacão Dora. Diante da velocidade da progressão das chamas, os sobreviventes de Lahaina tiveram que fugir sem olhar para trás, às vezes até se jogando no oceano para escapar.

“Subestimamos a periculosidade e a velocidade do fogo”, admitiu à CNN a deputada democrata Jill Tokuda, enquanto os sobreviventes buscam respostas sobre a tragédia. As sirenes de alarme de incêndio não foram ativadas, a ilha sofreu várias quedas de energia durante a crise e o número de emergência 911 parou de funcionar em partes da ilha.

Os alertas, normalmente transmitidos por telefone, não puderam ser recebidos porque “não havia rede”, disse Tokuda, acrescentando que “claramente, não fornecemos soluções de backup para garantir a segurança dos habitantes”.

Cerca de 2.200 estruturas foram destruídas ou danificadas pelos incêndios em Maui – dessas, 86% são residenciais. As perdas se aproximam de US$ 6 bilhões, em uma primeira estimativa dos danos.

Durante uma entrevista coletiva no sábado (12), o governador Josh Green disse que o número de mortes deve aumentar e ressaltou que o Havaí levará “grande quantidade de tempo para se recuperar”.

“A curto prazo, será doloroso e, a longo prazo, as pessoas vão precisar de serviços de saúde mental, e, a muito longo prazo, vamos reconstruir juntos”, pontuou.

Cerca de 1.000 quartos de hotel foram reservados para pessoas que tiveram de ser evacuadas e socorristas, acrescentou Green, e soluções de moradia a longo prazo estão sendo buscadas.

Ele comentou ainda há pessoas “ficando no aeroporto ou decidindo sobre quando estarão prontas para ir. Muitas estão traumatizadas com o que veem e pelo que os outros estão passando”. “Quase 15 mil passageiros por dia foram retirados. Isso facilita muito nosso trabalho de recuperação e a maioria já deixou a região”, acrescentou.

O chefe da polícia de Maui, John Pelletier, informou que duas das 89 pessoas cujos restos mortais foram encontrados nos escombros dos incêndios florestais de Maui até sábado haviam sido identificadas.

Pelletier observou que as equipes de busca ainda têm um longo trabalho a ser feito. “Estamos indo o mais rápido que podemos. Mas, só para você saber, [conseguimos revistar] 3%. Isso é o que foi revistado com os cães: 3%”, advertiu.

Maui teve menos chuva este ano do que o normal. A parte ocidental da ilha, onde Lahaina está localizada, está passando por uma seca “severa” a “moderada”, de acordo com o US Drought Monitor. A catástrofe ocorreu em meio a um verão marcado por uma série de eventos climáticos extremos em todo o planeta, incluindo uma intensa onda de calor no sul dos Estados Unidos, fenômenos ligados ao aquecimento global segundo especialistas.

Fonte: Papiro