“O mundo conhece muito bem as consequências de intervenções militares dos EUA”, condenou Nicolás Maduro | Foto: AFP

“Os Estados Unidos pretendem se apoderar das vastas reservas de petróleo do nosso país, as maiores do planeta, através do uso da força militar letal, o que afetaria seriamente o equilíbrio do mercado global de energia”, afirmou a carta enviada pelo presidente Nicolás Maduro ao secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitham al Ghanis.

No documento apresentado pela vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez aos mais de 20 países membros da OPEP [além da Venezuela, é integrada pelos Emirados Árabes Unidos; Arábia Saudita; Nigéria; Líbia; Kuwait; Iraque; Irã; Gabão; Guiné Equatorial; Congo e Argélia], o governo sul-americano acusou Donald Trump de executar “desde agosto, uma campanha de assédio e ameaça contra a Venezuela”, colocando “em claro perigo a paz, a segurança e a estabilidade regional e internacional”.

“O mundo conhece muito bem as consequências prejudiciais geradas em outros países petroleiros a partir de intervenções militares dos Estados Unidos da América e seus aliados”, alertou a Venezuela, sublinhando seu compromisso de defender a todo custo seus recursos naturais a fim de manter sua integridade e soberania.

De forma enfática, Maduro assegurou que esta “ação militar é uma fragrante violação da Carta das Nações Unidas”, que seu povo “permanecerá firme” na proteção de seus recursos naturais e que jamais “cederá a nenhum tipo de chantagem ou ameaça”. Daí, reforçou, a necessidade “uma união soberana livre de perturbações externas”.

Na contramão do diálogo, Trump aumenta a provocação, com declarações sobre sua invasão “por terra” à Venezuela, ampliando sua presença militar no Caribe e multiplicando os ataques contra supostos “barcos de narcotráfico” em águas internacionais que já assassinaram mais de 80 “criminosos” a seu bel prazer e contra quem não havia qualquer prova.

Neste fim de semana, o governo dos EUA anunciou o “fechamento total” do espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela, o que forçou a grande maioria das companhias aéreas internacionais a suspender voos, aumentando a pressão sobre Maduro e isolando ainda mais o país. A medida deixou inúmeros passageiros venezuelanos retidos no exterior, sem sequer poder retornar por via aérea.

O Ministério das Relações Exteriores venezuelano reagiu e condenou “a ameaça colonialista que busca afetar a soberania de seu espaço aéreo”, no que descreveu como “uma nova, extravagante, ilegal e injustificada agressão contra o povo da Venezuela”.

O que está por detrás dos ataques é a produção de petróleo da Venezuela, membro da OPEP, estabilizada em cerca de 1,1 milhão de barris por dia neste ano, ao redor de 30% do seu potencial histórico no final da década de 1990.

Fonte: Papiro