Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Os valores da cesta básica dos brasileiros que vivem em São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro foram os mais altos do país no mês de outubro, de acordo com pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgada nesta segunda-feira (10). A razão para a elevação geral está associada, principalmente, a fatores sazonais e macroeconômicos.

Em São Paulo, o valor chegou a R$ 847,14; em Florianópolis, R$ 824,57; em Porto Alegre, R$ 823,57 e no Rio, R$ 801,37. Já as maiores elevações entre setembro e outubro foram registradas em São Luís (3,11%), Palmas (2,59%), Florianópolis (1,66%), Rio Branco (1,62%) e Porto Alegre (1,49%).

O Dieese passou a medir todas as capitais neste ano, com a divulgação dos dados a partir de agosto. Antes, a coleta de dados era feita em 17 das 27. Por isso, as comparações anuais ainda não são possíveis para todas essas cidades.

Considerando esse aspecto, entre outubro de 2024 e outubro de 2025, nas 17 capitais onde é possível comparar, o Dieese aponta alta de preço, com variações entre 0,93%, em Brasília, e 10,92%, em Recife.

No acumulado no ano, entre dezembro de 2024 e outubro de 2025, nas mesmas 17 capitais, a cesta apresentou variação positiva em 11, com destaque para Porto Alegre (5,08%), Salvador (3,85%) e Recife (3,34%).

Por outro lado, em seis capitais, houve redução acumulada, sendo as mais expressivas em Brasília (-3,44%), Goiânia (-1,63%) e Natal (-0,83%).

Principais variações

Segundo o Dieese, devido à desaceleração da colheita da safra de inverno, houve menor disponibilidade de batata, o que acabou elevando seu preço em todas as cidades do Centro-Sul — entre setembro e outubro, as elevações ficaram entre 6,06%, em São Paulo, e 34,32%, no Rio de Janeiro.

Outro produto que registrou aumento — neste caso, em todas as 27 capitais — foi o óleo de soja. Os motivos, de acordo com o Dieese, foram a retração dos produtores na expectativa de alta do dólar, bem como a demanda externa. Nesse cenário, as elevações oscilaram entre 1,21%, em Fortaleza, e 9,66%, em Belo Horizonte.

O tempo seco e a consequente falta de pasto levou ao aumento no preço da carne bovina em 19 cidades, com destaque para Vitória, com 1,60%. Por outro lado, em outras sete capitais foi registrada queda de preços. A principal variação negativa foi observada em Brasília (-2,42%).

Já o leite integral teve aumento em nove capitais, queda em 17 e estabilidade em Palmas (TO). As maiores altas foram verificadas em Macapá (2,87%) e Natal (1,56%), enquanto Porto Alegre (-2,97%) teve a maior queda. De acordo com o Departamento, a “abundante oferta de leite cru reduziu o custo e o preço dos derivados no varejo”.

No caso das quedas, merece destaque o café em pó, que caiu em 20 capitais — sendo a maior delas em Curitiba (-3,47%). Em outras sete, houve aumento, especialmente em Natal (1,98%). “O volume de café exportado caiu, devido à menor disponibilidade do grão no país, à colheita de uma safra reduzida e a problemas no beneficiamento. Com isso, os estoques internos foram ajustados. Entretanto, o alto patamar da cotação do café acarretou a diminuição no consumo no Brasil”, diz a pesquisa.

Quanto ao feijão, o tipo preto — coletado nas capitais do Sul, no
Rio de Janeiro e em Vitória — teve seu preço diminuído em quase todas as localidades, com percentuais entre -7,86%, em Florianópolis, e -1,54%, no Rio de Janeiro. Em Vitória, o preço ficou estável.

Já o tipo carioca — medido no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Belo Horizonte e São Paulo — aumentou em 15 municípios, com destaque para Macapá (6,94%) e Belo Horizonte (6,79%), ficando estável em Palmas e São Paulo e diminuindo em outras cinco capitais, sobretudo em Boa Vista (-1,30%).