Lula participa de reunião da Celac; tensão no Caribe e cooperação serão pontos centrais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou, neste domingo (9) a Santa Marta, na Colômbia, onde participa da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).
A cúpula reúne líderes dos 27 países da União Europeia e das 33 nações da Celac, com foco na retomada do diálogo entre as regiões e nas negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Esta é a quarta edição do encontro entre a Celac e a UE e o décimo entre as duas regiões desde 1999.
O encontro segue até segunda-feira (10), mas Lula participa apenas do primeiro dia de reunião e retorna a Belém (PA) para a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Neste ano, a cúpula ganha peso especial devido ao contexto de ataques dos Estados Unidos à Venezuela e à Colômbia, por meio do bombardeio de embarcações em mares caribenhos, e do envio de tropas terrestres, submarinos e navios militares, sob a alegação de estarem supostamente combatendo o narcotráfico.
“Só tem sentido a reunião da Celac, neste momento, se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra americanos aqui nos mares da América Latina. Tive oportunidade de conversar com o presidente [Donald] Trump sobre esse assunto, dizendo para ele que a América Latina é uma zona de paz”, afirmou Lula em entrevista concedida na semana passada.
Na ocasião, o presidente também ressaltou que “somos uma zona de paz, não precisamos de guerra aqui. O problema que existe na Venezuela é um problema político que deve ser resolvido na política”.
Expectativas
A expectativa é que, durante o evento, seja consolidada a chamada “Declaração de Santa Marta” e o “Mapa do Caminho 2025-2027”, instrumentos que visam converter o diálogo birregional em ações concretas e orientar a implementação das prioridades entre as duas regiões.
Tal documento deverá contemplar temas como comércio e investimentos, clima, meio ambiente, transição energética, segurança cidadã, combate ao crime organizado transnacional, segurança alimentar e nutricional, autossuficiência sanitária, inclusão social, cuidados, educação e pesquisa, migração e mobilidade, relações culturais e transição digital.
Durante o encontro, também serão apresentadas duas declarações de livre adesão — isto é, que não são obrigatórias para todos os países participantes da cúpula. Uma delas tratará da segurança cidadã e a outra sobre política de cuidados.
“Nós somos diversos na América Latina, mas enfrentamos desafios comuns, e segurança cidadã é o tema que está na boca de todos hoje em dia. A política de cuidados, por sua vez, é uma pauta muito importante do governo brasileiro, voltada ao cuidado dos mais vulneráveis”, disse a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, em coletiva sobre o tema, realizada na quinta (6).



