Foto: Correios

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse que não está em debate no governo a privatização dos Correios. O discurso sobre a suposta ineficiência da empresa e da solução privatista ganhou força nos últimos dias, especialmente na grande mídia e em setores interessados na sua venda, diante das dificuldades enfrentadas pela estatal.

“Não vejo debate dentro do governo sobre privatizar os Correios. Não vejo nenhum ministro propondo isso. Até porque fizemos um levantamento recente sobre a situação dos serviços postais no mundo: é muito difícil o Estado abrir mão desses serviços, porque parte deles é subsidiada para garantir a universalização”, afirmou o ministro à GloboNews nesta quarta-feira (26).

Haddad defendeu que, assim como em outros países, os Correios passem a oferecer outros serviços para garantir sua sustentabilidade. “É isso que estamos discutindo com a nova diretoria”, ponderou.

Os Correios — uma das mais importantes estatais do país — são visados há anos pelo setor privado e pelo mercado. Não à toa, entrou na lista de desestatizações planejadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Mas, em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva barrou o processo de privatização dessa e de outras estatais.

Para enfrentar parte dos problemas atuais, a nova direção da empresa tomou algumas medidas, anunciadas recentemente. O plano de reestruturação prevê, entre outros pontos, um novo programa de demissão voluntária, o fechamento de mil agências consideradas deficitárias e a venda de imóveis da estatal que podem render R$ 1,5 bilhão.

Ainda consta no plano um empréstimo de até R$ 20 bilhões para reduzir o déficit e retomar o equilíbrio financeiro. Além disso, estão previstas medidas voltadas à modernização e readequação do modelo operacional e infraestrutura tecnológica.

Ao mesmo tempo, a estatal aposta na expansão do e-commerce e parcerias estratégicas, além da possibilidade de operações de fusão, aquisições e outras reorganizações societárias para aumentar a competitividade no médio e longo prazo.

A expectativa é que, adotadas tais medidas, o déficit seja reduzido ao longo do ano que vem, e que a lucratividade seja retomada já em 2027.

Conforme aponta o governo, o novo modelo de negócio reforça a universalização dos serviços postais, como missão pública dos Correios, mesmo nas localidades mais remotas e de difícil acesso.

Serviços prestados

Historicamente, os Correios prestam relevantes serviços ao país. Hoje, está presente em todos os mais de 5,5 mil municípios brasileiros, além do Distrito Federal e do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (PE), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ao todo, existem mais de dez mil agências de atendimento, oito mil unidades operacionais (de distribuição e tratamento de encomendas e correspondências), 23 mil veículos e cerca de 80 mil empregados diretos.

Além das entregas e serviços postais, os Correios também realizam, entre outras ações, a distribuição dos livros didáticos às escolas públicas, bem como das provas do Enem e das urnas eletrônicas em locais de difícil acesso no período eleitoral. Também realiza a distribuição de mantimentos e outros artigos em situações de emergência e calamidade, como nas enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024.

Com agências