O cenário internacional é de um mundo em transformação que apresenta duas sociedades em disputa. De um lado o Capitalismo: queda da hegemonia estadunidense, perda de dinamismo de suas economias, concentração de riquezas e aumento das contradições entre trabalho e capital.

De outro o Socialismo como alternativa viável com retomada de prestígio, multipolaridade e referência uma sociedade desenvolvida, mais justa e que mantém uma relação harmoniosa com o mundo. O Socialismo do século XXI, através de sua maior expressão a República Popular da China, se apresenta ao mundo.

Sobre as duas tarefas do PCdoB, além de reeleição de Lula, reposicionar para revigorar!  

Como reposicionar o Partido com um Programa que apresenta um caminho de “transição do capitalismo para o Socialismo”? Claro que nosso povo está aprendendo a lutar pelos seus direitos, mas, nada além! A compreensão da necessidade da luta pelo poder para conquistarmos o Socialismo precisa estar colocada em nossos diálogos com a população. 

As condições para aplicação do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento terão que enfrentar a fúria imperialista e da extrema direita ou consideramos que haverá “uma transição do capitalismo para o Socialismo”? Realizar mudanças estruturais dentro de um governo de amplas alianças de centro esquerda e setores neoliberais na política econômica, será possível?

A transição do Capitalismo para o Socialismo é uma novidade estranha de elaboração, que está no nosso programa socialista. Transição passa uma ideia de mudança pacífica. Transição do Socialismo para o Comunismo é sim uma transição socialista. Mas com o poder nas mãos de um governo socialista. Portanto, temos que tratar de forma mais aprofundada nossa tática e o caminho para atingirmos o objetivo estratégico. 

Dentro do governo Lula conquistando mais quatro anos teremos condições de realizar reformas estruturais? Acredito que no máximo podemos obtermos alguns avanços, mas não um salto de qualidade. Mudanças estruturais apenas com a tomada do poder político.  Nesse momento, e vislumbrando o futuro próximo será mais do mesmo, se conseguirmos reeleger Lula. 

Temos que dialogar mais com os nossos, com o campo da esquerda também deseja mudanças estruturais. Tratar com eles um caminho. Se não for assim, não temos como pensar em caminho revolucionário. Debater, pensar alto e construir o caminho para a Revolução Brasileira. E o reposicionamento do Partido tem que de fato acontecer para que haja o revigoramento. Atuando nas três frentes com centralidade na luta junto aos movimentos sociais e não na via institucional. Organizar milhares, milhões de trabalhadores, apresentar nosso programa e o caminho para realizá-lo. De um lado a aliança ampla para garantir a democracia e reeleição do presidente Lula e de outro uma coesão de esquerda e progressista para construir os novos passos de reformas estruturais. 

Sem uma força que vai além do nosso partido esse projeto de mudanças, NPND (Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento) não sairá de uma vontade nossa, dos comunistas. A luta política nos levou até agora a um governo democrático e de sentido em parte progressista, mas sem qualquer mudança estrutural. A máquina estatal, as instituições conservadoras e elitistas, a economia submissa aos bancos. A sociedade brasileira ainda não vê nosso partido e os outros de esquerda como força de mudança para um novo país.

Finalizando, o revigoramento do Partido só se dará com esse esforço de unirmos as forças que desejam construir.  Vamos lutar pelo Socialismo e debater e pensar alto o que seria isso.  

Para que o Partido se reposicione e assim se revigore, temos que atualizar nosso programa e nossa atuação tática. Como define o grande dirigente comunista Renato Rabelo:  O Programa desenha a fisionomia do Partido. E temos que perguntar: o Partido aparece diante das massas e de todos (as) trabalhadores (as) como organização de vanguarda através de seu programa? O programa define os princípios orientadores da sua política. Não se amolda a certas necessidades táticas ou conjunturais, mas ao contrário, estas acham-se subordinadas ao programa. E eu pergunto: Brasileiros e Brasileiras conhecem nosso Programa?

*Dirigente do Comitê Estadual do PCdoB-GO e integrante do Comitê Central.