Foto: Usda

Desde maio, a China não compra soja dos Estados Unidos. Esta foi uma das respostas do presidente Xi Jinping para o tarifaço de Donald Trump. Com isso, os agricultores norte-americanos estão desesperados, pois o país asiático era responsável pela compra de quase metade de toda a produção, avaliada em mais de US$ 12 bilhões em 2024.

Na última quinta-feira (25), He Yadong, porta-voz do Ministério do Comércio chinês, colocou as cartas na mesa ao se referir às tarifas dos EUA como “irracionais”. Como indicou, a volta do comércio bilateral da soja está condicionada às negociações e retirada de tarifas contra o seu país.

A situação já é vista como calamitosa pelos exportadores dos EUA, uma vez que a safra de outono já começou a ser colhida sem nenhum horizonte de destino.

No mês de julho, a China aumentou o volume de compras da commodity da Argentina, aproveitando a retirada temporária de impostos de exportação, e do Brasil, com um volume de compras que aumentou mais de 10% já naquele mês.

Tarifas

Depois de aumentar em 145% as tarifas sobre produtos chineses, Trump teve que recuar ao se deparar com a firme postura de Pequim que ofereceu como resposta 125% de tarifa sobre produtos norte-americanos. 

Para não inviabilizar o comércio entre os países, os negociadores da Casa Branca recuaram e a trégua tarifária, que vem sendo mantida, fixou em 30% os valores cobrados de produtos chineses e em 10% quanto aos dos Estados Unidos.

Soja

O prejuízo com a soja sem um destino pode ser fatal para muitos fazendeiros, que cobram do governo Trump uma solução rápida.

Com o início da colheita, ainda sem uma perspectiva definida, o produto deve ser acondicionado em silos para o controle da umidade. No entanto, a capacidade de armazenagem varia em cada região, o que deve causar transtornos. 

Como as vendas da commodity pelos EUA se concentram entre outubro e dezembro, a queda no comércio fará com que os armazéns que estocam o produto para revenda fiquem superlotados. Dessa maneira, o acúmulo do produto pode reduzir drasticamente o preço e levar muitos agricultores à falência, o que gera uma preocupação imediata e já leva o governo Trump a analisar algum tipo de auxílio a quem tiver perdas. A indicação é de que este resgate financeiro possa ser feito com os lucros que o ‘tarifaço’ tenha em outras áreas.

 Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda), ao menos 9% da safra de soja de outono foi colhida, o que dá a dimensão do que ainda pode acontecer, sendo que a maior parte da produção ainda está no pé. Ainda conforme a Usda, as exportações totais, considerando todos os parceiros comerciais, já caíram 23% em 2025.

Para complicar ainda mais, o país espera uma supersafra de milho, o que reduziria o espaço dos silos para a soja encalhada.