Prisão do presidente da Conafer. Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O presidente da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante na madrugada de terça-feira (30), durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.

Ele foi liberado após pagar fiança, ainda durante a madrugada. O valor não foi revelado.

Esta é a segunda prisão durante a Comissão. Antes, Rubens Oliveira Costa foi detido, acusado de ser o operador do esquema de descontos ilegais liderado pelo “careca do INSS”.

A prisão de Lopes se deu pela acusação de mentir à CPMI, em depoimento iniciado na segunda-feira (29) e que superou nove horas de duração, invadindo a madrugada de terça.

A Conafer é apontada como a entidade que teve maior aumento no volume de descontos em benefícios previdenciários. No entanto, Lopes procurou afastar da Confederação qualquer indicativo de fraude, na tentativa de demonstrar que os descontos foram autorizados pelos aposentados.

Em diversos momentos, os deputados e senadores presentes indicaram contradições no depoimento do presidente da entidade, o que levou ao entendimento de que ele estava mentindo (falso testemunho) e suscitou o pedido de prisão.

Parlamentares presentes afirmaram que irão pedir prisão preventiva de Lopes no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o risco de fuga do acusado.

Carlos Roberto Ferreira Lopes. Foto: Carlos Moura/Agência Senado

Movimentação

Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) apontam que a Conafer teve um aumento dos descontos iniciado ainda na presidência de Jair Bolsonaro. O valor passou de R$400 mil, em 2019, para R$202 milhões, em 2023.

Segundo a Receita Federal, o presidente da entidade declarou patrimônio de R$ 300 mil, mas movimentou R$ 1,65 milhão nas contas pessoais.

Falso testemunho

Durante o depoimento, no qual foi convocado como testemunha, Lopes afirmou desconhecimento sobre empresas em seu nome e de sócios, entre eles Cícero Marcelino de Souza Santos.

Porém, em outros momentos, confrontado com os fatos trazidos, justificou a relação com as empresas e Marcelino, que ele próprio havia negado anteriormente.

A investigação aponta que eles utilizavam contratos com empresas pessoais para repassar o dinheiro recolhido na fraude do INSS.

Outro ponto de contradição foi quando afirmou não ter outras sociedades em seu nome, fato desmentido pela Receita Federal que demonstra que Lopes é sócio-administrador em outras empresas.