OMS e agências de saúde rebatem ilação de Trump sobre paracetamol causar autismo

Após o presidente dos EUA, Donald Trump, lançar mais uma de suas teses infundadas — desta vez relacionando o uso de paracetamol na gravidez e vacinas ao desenvolvimento de autismo no bebê — a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as agências de saúde da União Europeia e do Reino Unido se manifestaram, nesta terça-feira (23), rebatendo a teoria.
Segundo o porta-voz da OMS, Tarik Jašarević, “as provas continuam a ser inconsistentes” sobre a suposta ligação entre o medicamento e essa condição ligada ao neurodesenvolvimento. Ele ainda acrescentou que, da mesma forma, “as vacinas não causam autismo. As vacinas, como já disse, salvam inúmeras vidas. Portanto, isto é algo que a ciência já provou, e estas coisas não devem ser realmente questionadas”.
Ainda de acordo com Jašarević, embora haja estudos não especificados apontando a suposta ligação, nada foi provado em pesquisas posteriores. “Essa falta de replicabilidade realmente exige cautela ao tirar conclusões precipitadas”, afirmou.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), por sua vez, destacou que “as evidências disponíveis não encontraram nenhuma ligação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo”.
De acordo com as diretrizes do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, o paracetamol é a “primeira escolha” de analgésico para tratar gestantes. “É comumente tomado durante a gravidez e não faz mal ao bebê”, apontam.
Em comunicado enviado à BBC, a Kenvue, fabricante do Tylenol, principal marca dessa substância, disse que “dados científicos independentes e sólidos demonstram claramente que tomar paracetamol não causa autismo. Discordamos veementemente de qualquer sugestão em contrário e estamos profundamente preocupados com o risco à saúde que isso representa para as gestantes”.
Nesta segunda-feira (22), Trump anunciou a suposta descoberta, dizendo que o uso do paracetamol estaria por trás do alto número de pessoas diagnosticadas com essa condição, assim como vacinas representariam riscos na gravidez. A declaração foi feita ao lado do secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr.
Conforme a ciência vem apontando até o momento, o TEA não é uma doença — portanto, não tem cura — nem uma condição advinda do uso de substâncias. Segundo a OMS, “o transtorno do espectro autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva”.
Com agências