O século XXI se desenvolve sob intensa disputa entre a decadência do capitalismo e a possibilidade da construção de um novo mundo. O aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, a financeirização da economia e a emergência de novas formas de acumulação, como o capitalismo de plataforma, evidenciam os limites de um sistema incapaz de responder às necessidades humanas, que segue reproduzindo guerras, exclusão social e destruição ambiental.

Ao mesmo tempo, emergem alternativas no cenário internacional que apontam para uma ordem multipolar fundada em solidariedade, cooperação e soberania nacional. O desafio do Partido é compreender a totalidade desse processo, traduzir a teoria marxista-leninista para a luta concreta e conduzir a classe trabalhadora à condição de sujeito histórico da transformação.

A crise de 2008, o enfraquecimento do dólar e a reorganização das cadeias produtivas expuseram a vulnerabilidade do capitalismo. A forma contemporânea de acumulação — o capitalismo de plataforma, baseado na coleta e controle de dados — reforça o individualismo e a precarização do trabalho, sob o mito do “empreendedorismo”.

Sobre as novas tecnologias, é necessário observar o que vem sendo desenvolvido pela China, onde as plataformas digitais são instrumentos de fortalecimento das políticas de Estado, e não de colonização da vida social pelo capital. O avanço tecnológico deve servir para melhorar os serviços públicos e elevar a produtividade do trabalho, e não para escravizar a classe trabalhadora em jornadas desumanas sem direitos.

A resposta comunista passa por recolocar a economia sob direção da política e por construir um bloco hegemônico da classe trabalhadora capaz de impulsionar um novo projeto nacional de desenvolvimento, em consonância com o Programa Socialista do PCdoB. Isso implica: políticas de reindustrialização baseadas em ciência, tecnologia e inovação; redução estrutural dos juros e ampliação do crédito produtivo; fortalecimento dos bancos públicos e investimentos em complexos industriais estratégicos (saúde, robótica, aviação, petróleo e gás); políticas fiscais que incentivem pesquisa, emprego e contrapartidas sociais e redefinição da política comercial, vinculada à soberania e à competitividade da indústria nacional.

Se no plano interno é necessário organizar o poder político da classe trabalhadora, no plano externo é indispensável fortalecer os eixos de multipolaridade. A dominação imperialista atua pela guerra — como no genocídio promovido por Israel em Gaza, na agressividade da OTAN contra a Rússia, nos ataques ao Irã, nas guerras da Síria, do Iraque, do Afeganistão e do Iêmen — e também pelo lawfare, como demonstraram os golpes institucionais em Honduras (2009), Paraguai (2012), Brasil (2016) e Bolívia (2019).

Em contrapartida, surgem alternativas concretas: a Nova Rota da Seda, os BRICS ampliado, o Banco dos BRICS (NDB) e novas formas de cooperação Sul-Sul. A China, enquanto país socialista, se apresenta como locomotiva de projetos de infraestrutura e cooperação tecnológica, sobretudo na África e na América Latina.

Essa multipolaridade não é apenas uma rearrumação geopolítica: é a criação de condições internacionais mais favoráveis à luta dos povos e ao avanço de programas socialistas.

As experiências de transição socialista no Vietnã e na China demonstram que o caminho não é linear, mas envolve combinar elementos de mercado com direção política socialista. O Programa Socialista do PCdoB deve ser o fio condutor, articulando o presente com o futuro, as reformas democráticas com a luta pela superação do capitalismo.

O 16º Congresso do PCdoB deve reafirmar que a teoria revolucionária só cumpre seu papel quando se converte em prática organizada. É preciso investir na formação militante, combater a fragmentação ideológica e construir um bloco político hegemonizado pela classe trabalhadora.

O marxismo nos ensina que as leis e categorias da dialética não servem apenas para interpretar a realidade, mas para transformá-la. Num mundo em constante mutação, marcado pela revolução digital e pela reorganização das forças produtivas, a dialética é o instrumento que permite decifrar as contradições e guiar a ação política revolucionária.

Para que a teoria cumpra seu papel, deve ser traduzida em linguagem popular, acessível às bases do Partido. Essa atualização não é simplificação, mas condição para que cada militante se forme como sujeito crítico e ativo, capaz de articular teoria e prática em um mesmo movimento.

O capitalismo contemporâneo opera não apenas pela exploração econômica, mas também pela fragmentação política e ideológica. O pós-modernismo e o identitarismo, ao dissolverem a classe trabalhadora em múltiplos recortes, funcionam como instrumentos da burguesia para enfraquecer sua força coletiva.

A juventude é um dos principais campos dessa disputa. Enquanto institutos liberais investem pesadamente na formação de uma juventude anticomunista, cabe ao PCdoB organizar a juventude trabalhadora em torno de nossas ideias, valores e projeto de sociedade — com rebeldia, irreverência, cultura e formação política.

No plano internacional, cabe ao Partido impulsionar a solidariedade entre os povos e atuar pela multipolaridade, condição indispensável para a conquista de espaços de soberania e para a abertura de caminhos rumo ao socialismo.

Vivemos o ocaso do capitalismo e a emergência de um novo mundo no horizonte. A ação consciente, organizada e guiada pela teoria marxista-leninista permitirá ao proletariado brasileiro, em unidade com os povos do mundo, construir um novo mundo de justiça, solidariedade e paz.

*Militante do PCdoB de Contagem/MG e membro do Comitê Estadual do PCdoB Minas Gerais