Lula rechaça anistia a golpistas e “falsos patriotas” que jogam contra o país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quinta-feira (4), durante evento em Aglomerado da Serra, periferia de Belo Horizonte (MG), o programa Gás do Povo, que deverá beneficiar 50 milhões de pessoas. Pouco antes do evento, ao se encontrar com comunicadores e ativistas locais, ele frisou o risco de o Congresso aprovar uma anistia para os golpistas, o que poderia incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Diante da nova movimentação que vem sendo feita pelo Centrão e pela extrema direita, paralelamente ao julgamento do núcleo crucial da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), para que o perdão aos que conspiraram contra a democracia seja aprovado, Lula ressaltou: “Se for votar no Congresso, nós corremos o risco da anistia. O Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia”.
Lula prosseguiu dizendo que “o Congresso tem ajudado o governo, o governo aprovou quase tudo o que queria, mas a extrema direita tem muita força ainda. É uma batalha que tem que ser feita também pelo povo”.
O presidente também criticou as articulações feitas, sobretudo, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem chantageado o Brasil em troca da não punição de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, entre outras formas de interferência, como no caso do Pix.
“Nós estamos vendo agora os falsos patriotas nos EUA pedindo intervenção para o presidente Trump no Brasil. Os caras que fizeram campanha embrulhados na bandeira nacional, dizendo que eram patriotas, agora estão embrulhados na bandeira americana pedindo para o Trump intervir no Brasil”, salientou Lula.
Lula também defendeu maior participação popular nas decisões do país. “A democracia não é só o direito de votar. É o direito de votar, mas também o direito de dar palpite, de fazer sugestão, é o direito de apresentar reivindicação, de ajudar a governar. Muitas vezes, quem sabe fazer as coisas não é o governo, são vocês”.
Tratar o povo com decência
No lançamento do Gás do Povo, Lula voltou a falar do desmonte causado pelo governo de Jair Bolsonaro nas mais diversas políticas públicas. “Passamos dois anos consertando este país. Agora, estamos entregando aquilo que foi plantado”, declarou.
Lula também afirmou que “o que falta no Brasil não é dinheiro, é tratar o povo com o respeito e a decência com que o povo precisa ser tratado. Governo para todo mundo, mas no meu coração estão as pessoas mais pobres deste país”.
Gás do Povo
Voltado à população de baixa renda inscritas no CadÚnico, com renda mensal de até meio salário mínimo (R$ 759) por pessoa, o programa Gás do Povo vai garantir botijões gratuitos a cerca de 15,5 milhões de famílias em todo o Brasil.
De acordo com o IBGE, cerca de 12 milhões de domicílios ainda utilizam lenha e gás de forma combinada para cozinhar, dos quais 5 milhões são famílias de baixa renda. É um universo de cerca de 15 milhões de pessoas que ainda recorrem à lenha, sobretudo devido ao impacto do botijão no orçamento familiar.
Segundo o governo, o programa — que substitui e triplica o número de beneficiados do atual Auxílio Gás — “se consolida como uma das maiores ações de acesso ao cozimento limpo do mundo”.
Com o novo programa, em vez do benefício em dinheiro, cada família vai retirar diretamente o botijão de gás nas revendedoras credenciadas pelo governo federal, medida voltada a aumentar a eficiência, a transparência e o controle da política pública.
O beneficiário poderá usar o programa acessando um aplicativo gerido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Com esse sistema, ele poderá localizar revendas credenciadas e acessar o vale eletrônico.
Além disso, poderá obter o gás com o cartão do próprio programa que será criado; por meio de vale impresso a ser retirado nas agências da Caixa Econômica Federal ou em lotéricas; ou com o cartão do Bolsa Família.
A revenda participante terá identidade visual padronizada, incluindo nos pontos de venda, botijões, veículos e materiais de comunicação.
O governo informou que o programa será custeado integralmente com recursos públicos, sem necessidade de créditos extraorçamentários. “Para este ano, já estão previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) mais de R$ 3,57 bilhões para a implementação da política pública, o que garante a viabilidade orçamentária para a continuidade e aprimoramento do benefício durante o ano. Para 2026, a previsão é de R$ 5,1 bilhões”, aponta.