Camaradas, esboço, neste Artigo para a Tribuna de Debates, reflexão em torno de um conceito exposto em vários documentos do nosso Partido e, inclusive, no Projeto Resolução Política do 16.º Congresso, qual seja: classe trabalhadora.

Camaradas, segundo Karl Marx,

“Antes de tudo, o Trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes a sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio. Não se trata aqui das primeiras formas instintivas, animais, de trabalho. O estado em que o trabalhador se apresenta no mercado como vendedor de sua própria força de trabalho (grifo meu) deixou para o fundo dos tempos primitivos o estado em que o trabalho humano não se desfez ainda de sua primeira forma instintiva. Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem.”

(O Capital, Livro 1, “O processo de trabalho”, p. 282, coleção Os Economistas, Editora Nova Cultural)

Se Marx assim define trabalho no capitalismo, nós, marxistas, seguidores de Marx, Engels e Lenine, não podemos aceitar distorções a postulados científicos muito caros às lutadoras e aos lutadores das causas populares.

Marx, Engels e Lenine, ao totalizarem as classes surgidas no capitalismo, erigidas pelas lutas de classes, especialmente aquela entre a Burguesia e o Proletariado, chamaram de trabalhadores

assalariados os que vendem sua força de trabalho no mercado capitalista. No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels escreveram:

“A burguesia despojou de suas auréolas todas as atividades até então reputadas como dignas e encaradas com piedoso respeito. Fez do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio, seus servidores assalariados”; “A condição essencial para a existência e supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos de particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o trabalho assalariado”.

(Manifesto do Partido Comunista, “I – Burgueses e Proletários”, Boitempo)

Em nota à edição inglesa de 1888 do Manifesto, Engels adverte:

“Por burguesia entende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social, que empregam o trabalho assalariado; por proletariado, a classe dos assalariados modernos que, não tendo meios de produção, são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver”.

(Manifesto do Partido Comunista, Boitempo)

Camaradas, são muitas as passagens nas obras de Marx, Engels e Lenine, onde estas questões são tratadas com muita clarividência.

Sugiro aqui, portanto, à militância do PCdoB, que procure se informar, se formar e se instruir, lastreada nas obras, nos escritos dos nossos clássicos, e que visite ordinariamente o Programa e os

Estatutos do Partido Comunista do Brasil, pois neles estão conceitos corretamente expostos. Basta que dirigentes, militantes e filiados os leiam e estudem.

*Operário Metalúrgico aposentado, membro do Comitê Estadual do PCdoB/SP, da Comissão Estadual de Organização e da Comissão Estadual de Formação e Propaganda.