Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas e o secretário da Educação, Renato Feder | Foto: Reprodução

O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, afirmou que diretores de escola e dirigentes regionais perderão os cargos que ocupam se não atingirem metas de desempenho estabelecidas pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo os sindicatos da Educação, cerca de 200 diretores já foram afastados no Estado.

“Se não subir [a nota da avaliação], tchau. Não bateu a meta, tchau. Eu posso adorar ele, mas se não subir é tchau”, disse em tom de deboche durante entrevista na semana passada ao podcast Market Makers, que aborda assuntos sobre o mercado financeiro.

O secretário, sócio da empresa Multilaser e que trata a Educação dos milhões de estudantes de São Paulo como um “negócio”, disse que no início deste ano letivo já teria “demitido” 20 dos 91 dirigentes regionais (profissionais responsáveis por coordenar e supervisionar as escolas de uma determinada região) que não conseguiram atingir as metas estabelecidas.

“É muito simples, eu tenho 91 dirigentes regionais e eles têm uma meta mínima: subir 0,2 a cada ano. Se não subir, é tchau. Se ele subir, 0,1 ou empatar, ele tá demitido. Eu acabei de demitir 20. São caras que não entregaram resultado, são pessoas ótimas, mas que não entregaram e não faz sentido eu tê-las aqui”, disse.

A Secretaria de Educação afirmou que os 20 dirigentes ainda não foram demitidos, mas realocados para outras funções, como professor, diretor ou supervisor.

Segundo a pasta, as metas citadas pelo secretário são definidas com base nos resultados das escolas no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), dados de frequência escolar e aprovação dos alunos e o desempenho em avaliações internas.

“O monitoramento é feito em tempo real por uma plataforma com informações detalhadas de cada escola, turma e aluno, disponíveis para toda a rede no Painel Escola Total, o que garante transparência e gestão com base em evidências”, explicou a secretaria.

Parte do desempenho avaliado por essas metas é o cumprimento do uso de aplicativos em sala de aula. Um estudo das universidades públicas de São Paulo identificou que a obrigatoriedade dessas ferramentas digitais não resultou em melhora do desempenho das escolas estaduais paulistas.

O assédio aos dirigentes escolares com metas irreais e punições descabidas não é algo novo.

Para a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), a ameaça de Feder inaceitável. “A fala escancara a adoção de critérios empresariais na gestão da rede pública de ensino, tratando a educação como um negócio, e não como um direito. Em vez de discutir investimentos, melhorias na infraestrutura e valorização dos professores, a prioridade recai sobre números frios, ignorando os desafios estruturais enfrentados pelas escolas”, disse a entidade.

“Essa lógica de governo é um completo absurdo. Os aplicativos já se mostraram ineficientes, e insistir nesse erro é fechar os olhos para os problemas reais. Mas os estudantes paulistas estão bem organizados e mobilizados contra todos esses ataques à nossa educação. Nossa luta é por um ensino público, gratuito, de qualidade e com mais investimento!”, destacaram os estudantes.

Fonte: Página 8