Estudantes convocam Dia Nacional de Luta em defesa da educação e da soberania
Brasília,DF 11/08/2023 A União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) realiza atos públicos reivindicando revogação do Novo Ensino Médio, reposição do orçamento da educação e direitos aos pós-graduandos. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Estudantes, professores e entidades educacionais de todo o Brasil estão convocando atos para o próximo 11 de agosto, data que marca o Dia do Estudante, como parte de um Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação e da Soberania Nacional. As manifestações também se estendem ao dia 14 de agosto, com atividades em capitais como São Paulo e Brasília.
A ação, articulada por organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), surge em resposta ao que os organizadores chamam de “ameaças à democracia brasileira, aos investimentos em educação e ao avanço de interesses estrangeiros sobre o país”.
A data do dia do estudante faz alusão ao 11 de agosto de 1827, quando o imperador D. Pedro I instituiu os dois primeiros cursos brasileiros de ensino superior na Faculdade de Direito de Olinda (PE) e na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (SP), nas áreas de ciências jurídicas e ciências sociais. Também no dia 11 de agosto, em 1937, na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, foi fundada a União Nacional dos Estudantes, que nesta data de 2025, comemora 88 anos.
“Sem soberania, não há educação de verdade”, diz UNE

Em entrevista, Bianca Borges, presidenta da UNE, reforça o simbolismo do 11 de agosto, destacando que a data já carrega um histórico de mobilizações estudantis: “Em todo o Brasil, tradicionalmente já temos eventos nesta data. Este ano, especificamente, há eventos que acontecerão no dia 11, como em Porto Alegre, e outros no dia 14, como em São Paulo e no Distrito Federal.”
Segundo ela, a convocação do Dia Nacional de Luta está diretamente ligada a episódios recentes no cenário político internacional: “Chamamos este dia diante da necessidade imediata de respondermos a esse intervencionismo estrangeiro que se manifesta principalmente através deste tarifaço de Donald Trump. Entendemos isso como uma medida para anistiar Bolsonaro e favorecer interesses geopolíticos dos Estados Unidos no Brasil.”
Além da denúncia do cenário internacional, a UNE reivindica ações concretas para o fortalecimento da educação pública brasileira: “Lutamos pela recomposição orçamentária, por mais investimentos, políticas estudantis permanentes e pela criação do INSAES, para a regulação do ensino superior privado.”
UBES: “Democracia e soberania começam dentro da sala de aula”

Para Hugo Silva, presidente da UBES, a juventude secundarista também está preparada para ir às ruas. “O dia 11 está marcado na história dos estudantes. E este ano, será uma semana de muita luta. Os atos nacionais ocorrerão no dia 14, mas nossa mobilização começa antes. A gente vai tomar as ruas para defender a educação e o nosso país.”
Ele destaca que a luta por democracia se inicia nas escolas:v“Não há soberania nacional sem democracia na sala de aula. Muitos estudantes ainda não têm liberdade sequer para organizar um grêmio estudantil. Precisamos mudar essa realidade.”
A pauta da UBES inclui também a transformação da escola pública: “Queremos uma escola democrática, com investimentos em cultura, ciência e com a participação efetiva da juventude. Nossa geração não está omissa. Estamos organizados e mobilizados.”
Atos devem ocorrer em todo o Brasil
As manifestações incluem debates, assembleias, aulas públicas, passeatas e atos políticos, organizados por entidades estudantis, sindicatos de professores e movimentos sociais. O mote central das mobilizações será: “Democracia e soberania: da sala de aula ao Brasil”.
As atividades visam pressionar o governo federal por mais investimentos na educação básica e superior, além de denunciar medidas que, segundo os organizadores, ameaçam a autonomia nacional e a qualidade do ensino público.
Uma geração que resiste
Os líderes estudantis deixam claro que as mobilizações deste agosto são mais do que protestos pontuais: representam a continuidade de uma luta histórica.
“Cada cartaz que a gente imprime, cada palavra de ordem que cantamos, mostra que essa geração não vai se calar”, afirma Hugo Silva.
A mobilização nacional pretende ecoar o recado: sem educação pública de qualidade e sem soberania nacional, não há futuro possível para o Brasil.
(por Cezar Xavier)