Fotomontagem com as artes oficiais das escolas de samba Acadêmicos de Niterói, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca

O Carnaval 2026 promete ser histórico. Com enredos que já trazem empolgação antecipada, as escolas de samba do Rio de Janeiro deverão levar para a Marquês de Sapucaí um evento memorável. As 12 agremiações do grupo especial trabalham temas muito interessantes, sendo que entre eles quatro enredos homenageiam figuras brasileiras que são símbolos de um Brasil livre e soberano: o presidente Lula, os artistas Ney Matogrosso e Rita Lee e a escritora Carolina Maria de Jesus.

A ansiedade para que fevereiro de 2026 chegue logo é enorme (o carnaval começa na sexta-feira à noite, dia 13, e vai até a Quarta-Feira de Cinzas, dia 18) e foi intensificada com a sinopse do enredo do Acadêmicos de Niterói“Do alto do mulungu surge a esperança: Lula, o operário do Brasil”.

No texto em que se justifica o enredo, a agremiação, que estreia na elite do carnaval do Rio, destaca: “Dentro de um regime democrático, a popularidade é movida por altos e baixos. Mas, ao contrário do pensamento estoico, nem toda vida política caminha para um final fracassado. E, atualmente, existe apenas um líder no planeta que pode reivindicar tal fama: Luiz Inácio Lula da Silva – o ex-operário que voltou à presidência do Brasil para cumprir um terceiro mandato. Goste dele ou não, é preciso aceitar: Lula é o político mais bem-sucedido de seu tempo.”

O texto da sinopse passa pela vida do presidente (confira completo aqui) e destaca: “Nada do que Lula fez, ele fez sozinho. Sua liderança nasceu, cresceu e se consolidou como expressão de um andar junto.”

Não se sabe se Lula estará presente no desfile, mas nesta segunda-feira (4), recebeu uma camisa da Acadêmicos de Niterói das mãos do presidente de honra da escola, Anderson Pipico.

Nas redes sociais, a escola já vem recebendo ataques da extrema direita. No entanto, uma coisa é certa: ao abrir os desfiles do Rio no domingo, em 15 de fevereiro de 2026, na primeira das três noites de desfile, a maioria dos brasileiros, responsáveis por conduzir o presidente Lula para um terceiro mandato, estará de branco e azul torcendo por um belo espetáculo.

Ney Matogrosso, Rita Lee e Carolina Maria de Jesus

Logo na sequência da escola de Niterói, no dia 15, entra na passarela do samba a Imperatriz Leopoldinense, que irá homenagear um dos maiores cantores brasileiros:  Ney Matogrosso.

Com o enredo “Camaleônico”, a verde e branco de Ramos, nove vezes campeã do carnaval carioca, destaca: “Em cena, ele requebra diante dos caretas e quem o vê não sabe se é homem ou mulher. Colo coberto de pelo e boca tingida de carmim. Ventre masculino e olhos contornados com lápis negro. Timbre feminino que nasce na boca masculina. O cantar da vedete visto em um corpo másculo. Escondido por detrás da máscara de tinta, ele é o instinto febril que não se pode dominar. Registro rebelde e surrealO corpo que requebra em zigue-zague. O sumo perfumado de uma América Sul-Americana pendendo em colares. Um xamã tupiniquim ornado de miçangas, penas de papagaio e delírios quiméricos.”

Já na abertura dos desfiles na segunda-feira, 16 de fevereiro, a Mocidade Independente de Padre Miguel chega na avenida com o enredo: “Rita Lee, a Padroeira da Liberdade”. O tributo à cantora, falecida em 2023, destaca sua santidade profana: “Tem guitarra, batom vermelho e um milhão de almas libertas por suas canções”.

A escola, seis vezes campeã, completa: “Nesse desfile, celebramos Rita Lee como símbolo supremo da liberdade. Não uma trajetória biográfica, mas um grito de independência musical, estética e comportamental, ecoando nas multidões que se encontraram em sua rebeldia, originalidade e coragem.”

Para fechar o segundo dia de desfiles com quatro escolas, a Unidos da Tijuca traz a homenagem à escritora “Carolina Maria de Jesus” (1914-1977), definida como memorialista, compositora e multi-artista mineira, autora do best-seller “Quarto de Despejo”.

A escola amarelo-ouro e azul-pavão explica o enredo: “O título – o próprio nome da autora, ainda alvo de dúvidas e confusões – foi escolhido em virtude da necessidade de afirmarmos sua identidade, de colocarmos em lugar de direito a “escritora que foi favelada” ao invés da “favelada que escrevia”. Desfraldaremos, feito pavilhão engalando, o lenço que foi a prisão imagética de Carolina, coroando-a de livros, recortes e poesias, num reencontro sensível e emocionante com a sua literatura visceral, verdadeira e comovente.”

Carnaval 2026

Sem contar as escolas já mencionadas, o carnaval do Rio no próximo ano traz outros enredos que prometem acirrar a disputa pelo troféu de campeã.

Depois de Lula e Ney passarem pela avenida, será a vez da maior campeã do carnaval carioca (22 vezes), a Portela, desfilar o samba afrofuturista chamado “O Mistério do Príncipe do Bará”, que retrata a vida de Custódio Joaquim de Almeida: “A partir da figura mística, misteriosa e complexa do Príncipe Custódio, que por capricho do destino saiu do Benin e aterrou no Rio Grande, o negro gaúcho dará seu recado ao Brasil e ao mundo: eu existo”, justifica a escola.

Em seguida, encerrando o primeiro dia de desfiles no domingo, a Estação Primeira de Mangueira apresenta “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – o Guardião da Amazônia Negra”, uma homenagem às tradições afro-indígenas do Norte do país e à figura do amapaense Raimundo dos Santos Souza.

Já na segunda, depois da Rita Lee “desfilar”, aatual campeã do carnaval, o Beija-Flor de Nilópolis leva para a Sapucaí o maior candomblé de rua do mundo, o “Bembé do Mercado”, que há 136 anos festeja a religião no dia 13 de maio, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia (cidade natal de Caetano Veloso e Maria Bethânia).

Na sequência, o Unidos do Viradouro apresenta “Pra Cima, Ciça, uma homenagem ao ícone do carnaval Moacyr da Silva Pinto, o “Mestre Ciça”. O dia é encerrado com o desfile sobre a autora de “Quarto de Despejo”.

Na terça-feira, último dia de desfiles, o Paraíso do Tuiuti traz um interessante carnaval sobre “Lonã Ifá Lukumi”, uma vertente religiosa afro-cubana do candomblé e suas relações com o Brasil.

Por sua vez, a escola Unidos de Vila Isabel vem com o tema “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”, uma homenagem a Heitor dos Prazeres, sambista, e multiartista envolvido nos primórdios das escolas de samba cariocas.

A terceira apresentação da noite será do Acadêmicos do Grande Rio com o enredo “A Nação do Mangue”, que celebra o movimento contracultural Manguebeat, surgido nas periferias do Recife (PE).

Fechando o carnaval, o Acadêmicos do Salgueiro convida os foliões a curtir uma viagem lúdica em homenagem à Rosa Magalhães, com enredo chamado: “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna‑de‑pau”.