“Boa relação com a China é estratégica”, afirma ex-ministro Celso Amorim

O ex-chanceler e assessor especial de Lula, Celso Amorim, afirmou que o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que a China triplique a compra de soja norte-americana “revela quase um estado de guerra contra o Brasil”.
O Brasil fornece cerca de 75% da soja importada pela China, enquanto os Estados Unidos vendem 25%. Donald Trump quer, com taxações e ameaças, tirar esse mercado do Brasil e enfraquecer a parceria entre os dois membros do BRICS.
“Essa informação revela quase um estado de guerra contra o Brasil. Porque não é uma coisa [que seria] ganha na competição comercial, é algo que ganha na força”, declarou Amorim em sua participação no Roda Viva, da TV Cultura.
“Não vejo razão para temer que a China vá abandonar a parceria estratégica, mas é sempre preciso que haja diálogo”, continuou o ex-chanceler.
Celso Amorim disse que o Brasil tem “com a China uma relação estratégica, que não se reduz a essa questão da soja. Temos uma muito boa relação”.
O assessor especial da Presidência falou que a China tem interesse em continuar investindo no Brasil, inclusive “em setores de maior valor agregado”. Além disso, citou os acordos de cooperação celebrados entre Brasil e China em 2024.
Na segunda-feira (11), Lula conversou por telefone com o presidente da China, Xi Jinping, “sobre a parceria estratégica bilateral”.
Ambos “saudaram os avanços já alcançados no âmbito das sinergias entre os programas nacionais de desenvolvimento dos dois países e comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”, informou o governo federal.
Questionado sobre a substituição do dólar por moedas locais no comércio, o ex-ministro disse que “é uma coisa que vai acontecer, independente da vontade dos governantes. E acho que é bom que aconteça”. “Continuaremos aprofundando nossa relação com a China, a Índia, etc.”.
Fonte: Página 8