A Luta de Ideias Como Força Motriz de Uma Nova Ofensiva Popular
Vivemos nas últimas semana no Brasil, momentos explícitos da luta de classes. Por um lado, a prisão domiciliar de Bolsonaro, e a reação desesperada de seus aliados internos e externos. De outro, uma ofensiva do campo progressista, que ao mudar a postura e travar a batalha política abertamente, conseguiu colher vitorias importantes no campo da disputa de ideias, com isso vimos também o aumento, mesmo que momentâneo da popularidade do governo Lula.
A força aglutinadora das Ideias
As vitorias das últimas semanas foram, sem dúvidas, vitorias no campo da disputa de narrativas. Mostrou que, quando o campo progressista pauta o debate com as demandas reais da população, é possível colocar a direita na defensiva e unificar amplos setores sociais.
O exemplo mais recente foi a luta em defesa da soberania nacional contra as tarifas de Trump, que na sua essência é a luta anti-imperialista tomando forma em meio a sociedade. A resposta contundente de Lula, não uniu apenas a esquerda, mas setores empresariais, imprensa, e uma vasta camada do povo brasileiro em defesa do Brasil, expondo o caráter entreguista e antinacional do bolsonarismo.
Podemos aqui citar outros acontecimentos recentes, como a campanha pela taxação das grandes fortunas, que cresceu de forma orgânica nas redes, ou também a questão do fim da escala 6×1, que vem acumulando corpo em meio a sociedade. São exemplos de como uma agenda que consegue dialogar com a questão da justiça social, possui ampla capacidade de mobilização social. Estas pautas não são pautas meramente econômicas, elas colocam luz ao debate sobre as contradições capital-trabalho. Foi possível transformar um sentimento de descontentamento difuso em força política consciente. Elevar a luta dispersa do específico para o político é tarefa central dos comunistas.
Uma “Luta de Posição” na disputa Pela Hegemonia
A tática de constituir uma frente ampla, para defender a democracia e garantir a possibilidade de governabilidade é central e indispensável para o momento político, unindo os mais amplos setores possíveis, contra o inimigo principal, o neofascismo. Porém, os acontecimentos mais recentes, como a obstrução bolsonarista no congresso, precisa nos lembrar os limites desta tática, especialmente se não for combinada com a luta pela hegemonia social. É saber diferenciar a “guerra de movimento”, como a batalha institucional, da “guerra de posição”, que é longa e exige paciência, com o objetivo de conquistar a hegemonia da sociedade. Embora tenhamos vencido, com a tática da frente ampla em 2022(movimento tático), a extrema direita vem ampliando sua base social, com uma luta permanente no campo das ideias, que se reverteu também em uma forte força institucional.
Já no nosso campo, as vitórias recentes, como a união de amplos setores contra Trump, um apoio massivo na questão da taxação dos super ricos, mostra que é possível, inverter a correlação de forças. Estas vitorias criam mudanças no terreno da luta política, acumulando forças para nosso campo, criando brechas que nos permitem avançar na luta institucional. O aumento momentâneo da popularidade do governo Lula é um resultado direto do governo ter liderado uma frente ampla, mas com uma agenda popular, não se deixando paralisar por setores mais conservadores do próprio governo.
É mais que necessário ampliarmos a luta política no seio da sociedade, conquistar o imaginário da população, sem desconsiderar a importância de unir amplas forças para as batalhas institucionais e para defesa da democracia, sem que isso nos faça ser confundidos com o próprio sistema. O caminho para avançar, derrotando a extrema direita e seu projeto antinacional, passa pela combinação dialética de firmeza institucional, isolar a extrema direita, mas fundamentalmente, por uma ofensiva política ideológica, que disputa a consciência do povo, colocando a sociedade em movimento, disputando com altivez os rumos do Brasil.