Diante das incertezas em torno da implantação da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos para 1º de agosto, estados do Nordeste estão se articulando e devem, na próxima semana, se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é buscar saídas emergenciais para proteger os setores produtivos da região e diminuir os possíveis impactos das medidas.

Os encontros estão previstos para a terça (5) e quarta-feira (6), portanto, após o prazo dado pelo governo estadunidense para impor a taxação sobre todas as exportações brasileiras. A articulação envolve a ApexBrasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O governo Lula tem buscado dialogar com Donald Trump desde que o tarifaço foi anunciado no início do mês, mas, por ora, não houve recuo por parte da Casa Branca — apenas sinalizações pontuais que podem indicar alteração sobre alguns dos produtos vendidos, além de pressões de setores da economia estadunidense.

No caso do Nordeste, a nova tarifa pode impactar diretamente cadeias produtivas estratégicas, como fruticultura, apicultura, setor têxtil, calçadista, metalmecânico e indústria automotiva.

“O Nordeste não assistirá passivamente ao impacto dessas medidas. Estamos somando forças com a APEXBrasil e o MDIC para garantir a proteção dos nossos empregos, das nossas empresas e da nossa capacidade produtiva”, afirmou o presidente do Consórcio Nordeste, governador do Piauí, Rafael Fonteles.

Segundo nota, a autarquia interfederativa “contribuirá com um mapeamento detalhado dos impactos econômicos por estado e por setor, identificando as empresas e cadeias produtivas afetadas, estimando perdas econômicas e promovendo uma articulação proativa com novos mercados, ampliando os canais de exportação e conectando os produtos nordestinos ao mundo”.

Prejuízos

De acordo com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a região pode perder R$ 16 bilhões ao ano com a nota taxa. Estudo da autarquia aponta que Ceará, Bahia e Maranhão serão os estados mais afetados, já que são os principais exportadores da região para os EUA em 2025.

Somente neste ano, até o mês de junho, as vendas somaram US$ 1,58 bilhão, o equivalente a R$ 8,7 bilhões, sendo o principal exportador o Ceará, seguido por Bahia e Maranhão. Juntos, eles representaram 84% do total exportado.

Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforça os prejuízos causados à região. Do ponto de vista do percentual de mercadorias vendidas ao exterior, o Ceará será um dos estados mais impactados do país, uma vez que quase 45% de suas exportações destinam-se aos EUA; na Paraíba, esse índice também é alto, correspondendo a cerca de 22%.

“A imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras. Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade das exportações. Os impactos são muito preocupantes”, destaca Ricardo Alban, presidente da CNI.