Trabalhador do setor açucareiro de Cuba. Foto: Miguel Febles Hernández/Granma

Apesar de todas as dificuldades impostas pelo bloqueio econômico, Cuba apresenta uma das menores taxas de desemprego do mundo. No final do ano passado, apenas 1,7% dos trabalhadores cubanos estava sem nenhuma ocupação.

O quadro de pleno emprego foi constatado pela Pesquisa Nacional de Emprego de 2024, apresentada por Juan Carlos Alfonso Fraga, vice-chefe do Escritório Nacional de Estatística e Informação (Onei – Oficina Nacional de Estadística e Información). Desde meados dos anos 2000, a desocupação permanece em níveis mínimos entre os cubanos, além de a população trabalhadora apresentar alto grau de formação.

São somente 69.333 pessoas desocupadas, conforme a Onei. O jornal Granma (órgão oficial do Partido Comunista de Cuba) acrescenta que, apesar desse bom resultado, o governo cubano não fecha os olhos para os desafios do mercado de trabalho.

O cenário apresentado é de uma força de trabalho envelhecida, com preponderância de homens e de crescimento do trabalho informal.

Segundo Fraga, cerca de metade da população ativa (mais de 15 anos) faz parte da força de trabalho. Já o restante está fora do mercado por razões como estudos, aposentadoria, deficiência ou outras condições.

Da população em condições de trabalho, pouco mais da metade, 52,1%, está envelhecendo, o que representa um declínio da ocupação no setor estatal e aumento no setor privado ou não estatal/autônomo.

O jornal ainda destaca a observação de Joel Granda Dihigo, vice-diretor do Centro de Estudos de População e Desenvolvimento do Onei, que aponta mais de 75% da população trabalhadora com alto grau de formação, uma vez que possuem ensino superior, ensino técnico intermediário ou ensino pré-universitário, um “fator favorável ao desenvolvimento do capital humano”.

Ele ainda revela que a maior quantidade de trabalhadores é composta por profissionais liberais, cientistas e intelectuais. Apesar disso, a pesquisa mostra que a atividade econômica que mais gera valor agregado ao país é a agricultura (16,5%) e que o maior campo para conseguir emprego são negócios privados (29,6%)

Informalidade

Ainda que a baixa taxa de desocupação e o alto grau de formação da massa trabalhadora sejam orgulhos cubanos, o governo tem acompanhado o crescimento da informalidade.

Como os empregos estatais têm diminuído à medida que a força de trabalho envelhece, 20,1% dos novos trabalhadores têm ocupado empregos informais. Para fins de definição, a pesquisa considera o trabalho informal como “trabalho remunerado ou lucrativo, sem vínculo com a Previdência Social, dependendo se são proprietários ou empregados, tanto dentro quanto fora do setor informal.”

Alfonso Fraga ainda alerta que 58,5% dos trabalhadores informais são autônomos: “Se incluirmos aqueles contratados para outros trabalhos privados ou por famílias, sete em cada dez trabalhadores neste setor são informais”, disse na coletiva de imprensa para apresentação dos resultados.

Abaixo, confira alguns quadros da pesquisa divulgados pelo órgão oficial de comunicação do Partido Comunista de Cuba.

Setor da atividade econômica que mais gera valor agregado 
Agricultura                      16,5%
Educação                         11,4%
Comércio                         10,9%
Saúde.                                9,7%
Administração Pública.   6,9%
Províncias com maior porcentagem de ocupação informal:
Havana    19,6%
Santiago de Cuba   10,1%
Holguin      8,9%
Camaguey     8,7%
Províncias com maior taxa de desocupação:
Guantanamo   3,8%
Havana            2,7%
Artemisa         2,2%
Total de desocupados Cuba:  69.333 pessoas 
Maiores gestões para conseguir emprego:
Negócios privados: 29,6%
Gabinetes de trabalho:  23,0%
Parentes, amigos: 20,6%
Empresas e outras entidades estatais:  13,7%

*Informações Granma