Los Angeles levanta-se contra a perseguição trumpista | Foto: Ronaldo Shemidt/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou de prisão o governador da Califórnia, Gavin Newsom, por culpá-lo por inflamar uma situação que já era tensa, ao enviar as tropas da Guarda Nacional para reprimir as manifestações em Los Angeles contra as deportações em massa e contra a presença da gestapo anti-imigração numa cidade que tem mais de um terço da população de mexicanos e seus descendentes.

A incursão fortemente armada da tropa da fronteira de Trump contra locais de trabalho, como duas lojas da maior rede dos EUA de utensílios para casa, Home Depot, o Distrito da Moda e lojas de construção na sexta-feira (6), em que 118 trabalhadores foram presos, inclusive, um presidente de sindicato, David Huerta, indignou a população, com os protestos se estendendo pelo fim de semana.

As cenas de manifestantes tentando impedir que veículos levando imigrantes praticamente sequestrados à luz do dia entrassem numa detenção no centro de Los Angeles, apesar do assédio de tropas de choque, gás lacrimogêneo e spray de pimenta, viralizaram no mundo inteiro, expondo a repulsa popular à racista deportação em massa, bandeira central do fascismo de Trump, e irritaram o presidente oligarca, levando-o a decretar o envio da Guarda Nacional, à revelia do governador e da prefeita, Karen Bass.

O governador e a prefeita responsabilizaram Trump pela escalada da violência em Los Angeles, com uma segunda-feira marcada por mais repressão a manifestantes, três carros de polícia roram incendiados.

O tatuado comentarista da Fox News, que atualmente encabeça o Pentágono, Peter Hegseth, foi ainda mais longe, ameaçando mandar os marines, o que acabou se efetivando.

Newson anunciou que irá processar o governo Trump pelo uso indevido da Guarda Nacional. “Atualmente, não há necessidade de a Guarda Nacional ser implantada em Los Angeles, e fazê-lo dessa maneira ilegal e por um período tão longo é uma séria violação da soberania do Estado que parece intencionalmente projetada para inflamar a situação”, comunicou o secretário de Assuntos Jurídicos da Califórnia, David Sapp.

“Isso é exatamente o que Donald Trump queria. Ele inflamou o fogo e agiu ilegalmente para federalizar a Guarda Nacional,” comunicou o governador Newsom. “Estamos processando-o”, disse Newsom em um post na rede social. 

 “Isso permitirá que ele entre em QUALQUER ESTADO e faça a mesma coisa.”

A última vez que o governo federal havia acionado a Guarda Nacional à revelia do governador, foi em 1965, em plena luta dos direitos civis, para garantir o direito de alunos negros que ingressassem numa universidade, o que o governador racista queria impedir pela força.

Inicialmente, foi o assim-chamado ‘Czar das Deportações’, Tom Homan, quem ameaçou prender o governador Newson.

Ao ser perguntado por um repórter o que achava, Trump respondeu que “faria isso se fosse Tom”. “Eu acho ótimo”, acrescentou, dizendo que “Gavin gosta da publicidade, mas acho que seria ótimo.”

“Este é um passo inconfundível em direção ao autoritarismo”, reagiu Newson.

Até mesmo uma jornalista australiana, que cobria os confrontos, atingida ao vivo na perna por uma bala de borracha. A jornalista ferida à bala nos protestos de Los Angeles é Lauren Tomasi, do canal 9News. A emissora publicou o vídeo com as imagens mostrando que o policial que fez os disparos estava a poucos metros da jornalista e disparou deliberadamente contra ela. “A situação agora se deteriorou rapidamente, o LAPD se movendo a cavalo, disparando balas de borracha contra os manifestantes, movendo-os pelo coração de Los Angeles,” disse a jornalista pouco antes de ser atingida.

Fonte: Papiro