Israel assassinou 228 jornalistas em Gaza desde outubro de 2023

Além de executar 228 trabalhadores de comunicação na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, quando invadiu a Faixa, as tropas israelenses estão empenhadas em silenciar o conjunto da imprensa com uma “perturbadora onda de ataques”, condenam as entidades do setor.
Nesta segunda-feira (30) foi morto o fotojornalista e cineasta Ismail Abu Hatab – que havia feito recentemente uma exposição em Nova Iorque – e ferida a jornalista Abu Sultan, correspondente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na região, em um ataque que teve como alvo o café Al-Baqa. A maioria das pessoas era composta de jovens estudantes universitários que frequentavam o local para se conectar à Internet e relatar ao mundo a gravidade da situação.
De acordo com o diretor do hospital Al Shifa, Mohamed Abu Selmiyeh, o banho de sangue é indescritível, pois a rede hospitalar de Gaza encontra-se devastada pelos bombardeios israelenses. “O Al Shifa já estava sobrecarregado com casos antes mesmo deste grande ataque onde 21 pessoas foram mortas. Agora temos mais de 50 feridas, 25 delas em estado crítico”, lamentou.
Com sede nos EUA, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) denunciou que existem diretrizes emitidas pelo governo de Israel para que a mídia internacional feche o cerco, obrigando os profissionais a passarem por censura militar prévia antes da transmissão de qualquer informação das zonas de combate ou das áreas alvejadas pelas forças fascistas de Israel.
“Silenciar a imprensa priva o mundo de uma visão clara e sem filtros da realidade que se desenrola”, afirmou Sara Qudah, diretora regional do CPJ, para quem as medidas adotadas representam “esforços crescentes para suprimir a liberdade de imprensa por meio da censura e da intimidação”.
A Federação Internacional de Jornalistas também rechaçou a “perturbadora onda de ataques contra jornalistas palestinos e israelenses”, frisando que representa um ataque à liberdade de imprensa, que precisa ser defendida.
Para a Associação de Imprensa Estrangeira, esta é uma “proibição sem precedentes”, que ao “prejudicar gravemente a imprensa independente” dá o aval para que os militares atuem de forma impune.
No dia 18 de junho as forças fascistas de Israel emitiram uma ordem exigindo que qualquer pessoa que transmitisse as consequências dos ataques iranianos a instalações militares israelenses obtivesse aprovação prévia do exército. A ordem se estendeu a indivíduos que publicassem em contas de mídia social. Logo depois os ministros da Comunicação, Shlomo Karhi, e o de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, informaram a imprensa estrangeira por e-mail que toda cobertura ao vivo e gravada deveria ter prévia aprovação por escrito dos censores militares. A transmissão de informações de localização ou descritivas sem autorização militar passa a ser considerada como um crime, com a polícia autorizada confiscar equipamentos, revogar credenciais e até prender jornalistas e fotógrafos que violassem essas regras.
Inúmeros relatórios independentes assinalam que tais medidas de “segurança” foram adotadas por Israel, com invasões a locais onde jornalistas se reúnem para aplicar o cala a boca. Um dos ocorridos recentemente foi num hotel em Haifa, onde jornalistas palestinos cobriam ataques. A polícia israelense chegou a documentar a si mesma obstruindo a visão das câmeras, e essas imagens foram posteriormente divulgadas.
O escritório de comunicação do governo palestino voltou a rechaçar “o assassinato sistemático de repórteres palestinos em Gaza por Israel” e apelou às instituições de direitos humanos e de comunicação social para que “condenem estes crimes sistemáticos contra jornalistas de Gaza”.
O força fascista israelense continua com sua ofensiva covarde em Gaza desde 7 de outubro de 2023, onde já matou mais de 56.500 palestinos até agora, a maioria mulheres e crianças.
O Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão em novembro passado para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da “Defesa” Yoav Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Israel também enfrenta um caso de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça por seu massacre em Gaza.
Fonte: Papiro