13 milhões de mexicanos elegeram juízes federais e os ministros do Supremo Tribunal

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, comemorou a “eleição exemplar” do poder Judiciário realizado no dia primeiro de junho, qualificando como “um êxito” o processo inovador que contou com a participação de 13 milhões de eleitores.
São pessoas, lembrou sorridente, que exerceram pela primeira vez na história seu direito a decidir quem serão os novos ministros, magistrados e juízes do Supremo Tribunal de Justiça da Nação (STJN), “iniciativa que transforma o país no mais democrático do mundo”.
Os mexicanos elegeram 881 juízes federais, incluindo os nove ministros da Suprema Corte, além de juízes estaduais e magistrados que integrarão o Tribunal Eleitoral e o Tribunal Disciplinar – responsável por fiscalizar a atuação das cortes. Ao todo, serão renovados 2.681 cargos no Judiciário e outros quatro mil deverão ser preenchidos em uma nova eleição prevista para 2027.
Embora o processo busque a renovação completa do Judiciário como parte da reforma aprovada em setembro de 2024, que introduziu o voto popular para a seleção deste poder, sua implementação será gradual, conforme estabelecido pelo Congresso.
“Com o novo Judiciário se fará realidade a aspiração de Juárez de: ‘à margem da lei, nada; ninguém acima da lei’. Em outras palavras, um verdadeiro Estado de Direito, onde ninguém, nem mesmo os mais poderosos, esteja acima da legislação”, afirmou a presidente. A citação do presidente Benito Juárez (1858-1872) é crucial, pois valoriza um estadista, advogado e militar com papel crucial na defesa da República e na luta contra a ocupação francesa. Em um vídeo nas redes sociais, a líder pediu a todos os mexicanos que tenham confiança.
Claudia recordou a degeneração do atual Judiciário, responsável por favorecer o crime organizado e liberado montanhas de dinheiro a criminosos de colarinho branco. Além disso, condenou, metade dos membros do Judiciário chegou até seus postos por mero nepotismo, “por ser irmãos, primos, sobrinhos ou cunhados de algum magistrado ou ministro e não devido a uma carreira profissional”.
“Vivemos um momento extraordinário; somos um país livre, soberano, independente, cada vez mais justo e democrático”, enfatizou a líder mexicana, sublinhando que chegou a hora de virar a página.
Entre as muitas demonstrações da caducidade e da lentidão do sistema, que opera de forma desigual para cada cidadão – por ser extremamente custoso -, levantamentos da Justiça apontam que a impunidade na resolução de homicídios alcança 90% e que há pelo menos 90 mil pessoas privadas de liberdade sem serem condenadas.
Para a secretária de governo, Rosa Icela Rodríguez, a participação de 13% do eleitorado, “cumpriu com as expectativas”, principalmente por tratar-se de uma primeira vez.
Os números são estimulantes e revigoram, assinalou Claudia, comparando o comparecimento popular com os resultados obtidos pela oposição nas eleições de 2024. “Dizem que pouquíssima gente participou, mas acontece que os que participaram no domingo superam os que votaram neles há um ano: 13 milhões de pessoas. Inédito. Impressionante. Maravilhoso. Democrático. Apostavam que o povo não iria sair às urnas e votaram mais do que votaram neles”, reiterou.
Ao longo da semana, a presidente retomou tuítes de vários líderes oposicionistas, como Alejandro Moreno, do PRI, que chamou a eleição do Judiciário de fraudulenta. E, depois de lê-los em tom de deboche, mencionou os resultados da eleição presidencial de 2024, que completou exatamente um ano na segunda-feira. “Vejam quantos votos o PAN teve no ano passado: 9,6 milhões. Vejam quantos votos o PRI teve no ano passado: 5,7 milhões. Em outras palavras, menos pessoas votaram neles do que no Judiciário, então eles têm razão em estar um pouco preocupados”, ironizou.
Fonte: Papiro