Ministra Heidi Alexander: “Mudar o foco do lucro privado para o bem público” | Foto: PA

O governo do Reino Unido deu largada à campanha de reestatização do sistema ferroviário e renacionalizou neste domingo (25) a companhia South Western Railway (SWR). O setor havia sido entregue e desmontado pelo neoliberalismo do primeiro-ministro John Major em 1994, inspirado em Margareth Thatcher (1979-1990).   

A SWR foi a primeira nacionalização planejada mediante a lei de Serviços Ferroviários de Passageiros (Propriedade Pública) de 2024, aprovada logo após a eleição geral. A companhia será administrada pela estatal DfTO, que já opera diversos serviços – como LNER, Northern, TPE e Southeastern – retomadas ao controle público devido a falhas financeiras ou contratuais. As nove franquias ferroviárias privadas restantes serão renacionalizadas até o final de 2027, quando os contratos expirarem, com os cofres públicos economizando £ 150 milhões (R$ 1,153 bilhão) por ano somente em tarifas.    

“Hoje marca um novo amanhecer para nossas ferrovias, abandonando 30 anos de ineficiência, atrasos nos serviços e falhas com os passageiros. Entramos com confiança em uma nova era, a era da Great British Railways”, afirmou a ministra dos Transportes do Reino Unido, Heidi Alexander.

“É por isso que estava tão determinada a estar aqui em Waterloo esta manhã, ao lado de todos esses outros passageiros entusiasmados e aficionados por ferrovias, para o que realmente é um momento decisivo”, enfatizou.

Conforme a ministra, “é claro que a mudança não vai acontecer da noite para o dia, que a propriedade pública não é uma solução mágica, mas estamos realmente dando a largada na corrida por uma ferrovia verdadeiramente do século XXI, e isso significa mudar o foco do lucro privado para o bem público”.

“SERVIÇO MELHOR DE TRENS”

“A South Western Railway agora pertence ao setor público. E isso é apenas o começo”, sentenciou o primeiro-ministro Keir Starmer, frisando que “isto será traduzido em um serviço melhor, uma venda de passagens mais simples e trens mais confortáveis”.

Durante a privatização, o projeto foi muito impopular, criticado pelos sindicatos, pela oposição, pela maioria da população e até por alguns conservadores. Entre outros acidentes, devido à falta de investimentos, provocaram fissuras nos trilhos, descarrilamentos e mortos, o que impactou a opinião pública. Da mesma forma, cancelamentos e atrasos se tornaram rotineiros, causando um descontentamento crescente entre os viajantes.

Mesmo os dados oficiais – maquiados para abrandar a revolta – reconheciam que 4% das viagens de trens foram canceladas este ano no Reino Unido.

No final de novembro, a maioria trabalhista aprovou uma lei que determina a nacionalização das operadoras privadas ao final de suas concessões – ou até mesmo antes, em caso de má gestão – para reuni-las na “Great British Railways”.

De acordo com o governo, aguardar o término dos contratos tem por objetivo evitar o pagamento das indenizações às atuais operadoras.

Fonte: Papiro