Eunice e Marcelo Rubens Paiva (ao fundo) recebem primeira certidão de Rubens Paiva em 1996. Foto: reprodução

Eunice Paiva teve a vida marcada pela luta contra a ditadura militar no Brasil e em defesa dos direitos humanos, em especial das populações indígenas. O reconhecimento da sua trajetória ganhou amplitude com a população brasileira pelo filme Ainda Estou Aqui, premiado com o Oscar neste ano.

Agora, o governo federal homenageia a advogada com a Ordem de Rio Branco. O presidente Lula concedeu a honraria de forma póstuma em decreto publicado no Diário Oficial da União, na última quarta-feira (28).

Em publicação sobre a homenagem, o Planalto destaca a luta de Eunice, falecida em 2018 aos 86 anos, em busca de informações sobre o marido, Rubens Paiva, morto em 1971 pela ditadura militar brasileira. O corpo do ex-deputado federal nunca foi encontrado e ela só obteve o reconhecimento oficial da morte 25 anos depois.

“A trajetória de Eunice Paiva é considerada exemplo de coragem na luta contra a opressão da ditadura e em favor de liberdades democráticas e dos direitos dos povos originários, causa a que também se dedicou. Seu percurso é visto como paradigma para os que buscam preservar e fazer avançar o Estado Democrático de Direito”, traz o texto.

Homenagens

Dentro da divisão da Ordem em dois Quadros, o Ordinário (com diplomatas da ativa) e o Suplementar (para demais cargos e pessoas físicas e jurídicas), a advogada Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva (1929-2018) foi admitida na Ordem no grau de Comendador, conforme o decreto.

Além dessa homenagem, em 8 de Janeiro desse ano o presidente Lula também estabeleceu a criação do Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia, a ser promovido pela Advocacia Geral da União (AGU). A ideia é prestigiar pessoas que colaboraram de forma notória para a consolidação do regime democrático no Brasil.

Ainda neste mês de maio, a atriz Fernanda Torres, o diretor Walter Salles e Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e autor do livro de mesmo nome que deu origem ao filme “Ainda Estou Aqui”, receberam do governo a Ordem do Mérito Cultural (OMC), considerada a maior honraria do setor cultural brasileiro.

Ordem de Rio Branco

Desde 1963 a Ordem de Rio Branco é entregue “com o objetivo de, ao distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

O nome se refere ao Patrono da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco, sendo que a insígnia é uma cruz de quatro braços e oito pontas esmaltadas de branco, com a inscrição em latim Ubique Patriae Memor, que significa “Em qualquer lugar, terei sempre a Pátria em minha lembrança.”