Pablo Marçal | Foto: Divulgação

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou pedido de liminar de “coach” Pablo Marçal, que buscava retirar de circulação livro, que, dentre outras questões, o chama de criminoso.

Na decisão do TJ, os desembargadores argumentam que a publicação possui caráter jornalístico e investigativo, em que há interesse público nos fatos narrados.

A publicação, chamada “Pablo Marçal: a trajetória de um criminoso”, do escritor e jornalista Cristiano Silva, liga Marçal a atividades ilícitas, incluindo crimes cibernéticos e desvios de dinheiros de contas bancárias.

O lançamento da obra ocorreu no início de outubro de 2024, quando Marçal concorria à Prefeitura de São Paulo — ele terminou em terceiro lugar e, portanto, ficou de fora do segundo turno.

Em um dos trechos do livro, há o seguinte relato de fonte não identificada: “Todo rico tem um passado para contar sobre sua fortuna (…) Já observou que Pablo Marçal é um milionário sem passado? De repente, rico, conselheiro do mundo, pai da sabedoria. Quem deu a ele o pote de ouro ou a mala cheia de grana? Deus ou o capeta?”

Apesar do indeferimento da liminar, a ação segue em trâmite, e o Tribunal ainda julgará se houve abuso ou não na obra ou até mesmo violação à honra do autor.

Para a desembargadora do TJ-SP, Clara Maria Araújo Xavier, o recurso de Marçal contra a decisão que negou o pedido não preenche os requisitos para reformá-la.

Xavier ressaltou que o livro tem, ao menos em princípio, caráter jornalístico investigativo. Não é possível, de acordo com a magistrada, afirmar que não há interesse público legítimo em torno do “coach”.

Pablo Henrique Costa Marçal, 38, empresário, influenciador digital e político brasileiro filiado ao PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro). Tornou-se mais conhecido por vender cursos de desenvolvimento pessoal nas redes sociais, quando se apresentava como “coach”, além da trajetória política recente.

Em 2010, foi condenado a 4 anos e 5 meses de prisão por envolvimento com quadrilha que desviava dinheiro de contas bancárias de idosos. Entretanto, a pena foi prescrita antes do trânsito em julgado. 

Em 2022, protagonizou expedição ao Pico dos Marins, situado na Serra da Mantiqueira, que demandou intervenção do Corpo de Bombeiros devido à exposição de 32 pessoas a riscos de morte, fato que teve intensa repercussão midiática.

No mesmo ano, foi pré-candidato à Presidência da República pelo Pros (Partido Republicano da Ordem Social), mas a candidatura não foi homologada em razão de divergências internas no partido, que decidiu apoiar Lula (PT).

À revelia do partido, Marçal apoiou a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). Também nas eleições gerais de 2022, candidatou-se a deputado federal por São Paulo e obteve 243 mil votos. Porém, após decisão liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a candidatura foi impugnada.

Nas eleições municipais de 2024, candidatou-se à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB. Destacou-se pela postura beligerante e campanha mentirosa por meio das redes sociais, que envolveu inclusive acusações contra os adversários.

Durante debate na TV Cultura, foi agredido com cadeirada por José Luiz Datena após acusá-lo de estuprador e fazer série de provocações.

Com essa estratégia, alcançou posicionamento relevante nas principais pesquisas, ora empatado tecnicamente com Guilherme Boulos e Ricardo Nunes ora ocupando o primeiro, segundo ou terceiro lugar.

No dia 4 de outubro de 2024, às vésperas do primeiro turno da eleição, divulgou laudo falso, em que acusa Boulos de ter sido internado por uso de cocaína. A circulação desse documento foi prontamente suspensa pela Justiça Eleitoral.

Apesar da alta votação, foi derrotado por Nunes e Boulos no primeiro turno. Em fevereiro de 2025, foi condenado à inelegibilidade por 8 anos pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). Desta decisão em primeira instância, ainda cabe recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Fonte: Página 8