Luisa reúne mais dados sobre “irregularidades do processo eleitoral no Equador”

A líder oposicionista e favorita às eleições presidenciais do Equador, Luisa González, reiterou sua denúncia de que ocorreram múltiplas irregularidades ao longo de todo o pleito, no domingo (13), e exigiu que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) – manipulado por Daniel Noboa – “publique todos os votos com atas devidamente assinadas”.
A candidata presidencial da Revolução Cidadã (RC) compartilhou o trecho de um documento da Organização dos Estados Americanos (OEA) que reforça o alerta. “A missão observou que foram registrados problemas porque a tinta usada para marcar as cédulas transferia-se entre as opções políticas quando eram dobradas, devido à simetria do desenho”, situação que “gerou confusão na interpretação do voto e, em alguns casos, levou à sua anulação”, apontou.
“Isso não tem precedentes e explicaria por que Luisa inclusive diminuiu o número de votos em algumas cidades e províncias”, reagiu o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), frisando que “a tecnologia usada provavelmente era fotossensível e é por isso que proibiram tirar fotos da votação”.
Em um vídeo publicado na quinta-feira (17), González ressaltou que “há várias versões das atas que foram modificadas pelo próprio CNE depois que foram carregadas no sistema, alterando o resultado final”. Também “foi evidente uma diminuição artificial do absenteísmo”, assinalando que “houve mais votos do que eleitores”. Muita coincidência para uma eleição em que todas as pesquisas apontavam para a derrota do candidato do império das bananas.
No primeiro turno, a vantagem de Noboa sobre Luisa foi de somente 0,17%, cerca de 16 mil votos, com ambos obtendo 44%, enquanto o líder indígena de esquerda Leonidas Iza – que apoiou a frente oposicionista no segundo turno – ficou em terceiro lugar, com 5,25% dos votos.
As pesquisas mais próximas à realização do segundo turno, com a ampliação de apoios, indicavam a vitória da advogada, mas o resultado divulgado pelo CNE não só foi o oposto, mas colocaram Noboa com inacreditáveis mais de 1 milhão de votos de vantagem: 55,62% contra somente 44,38% de Luisa.
“Temos 1.984 cédulas de apuração sem assinatura conjunta. Isso violaria o Artigo 127 do Código da Democracia e deveria ser invalidado. Há 1.526 atas de apuração cujo total não corresponde ao número de eleitores, o que também as tornaria inválidas”, declarou a candidata. Luisa recordou haver 1.582 cédulas de apuração “cujo resultado diverge substancialmente da média da respectiva seção eleitoral e gênero, o que indica possíveis cédulas de apuração adicionais recebidas nessas seções eleitorais”. Além disso, assegurou, “foi registrada uma redução incomum de votos em branco”.
González descreveu tais descobertas como “extremamente graves” e explicou que serão “contestadas e questionadas perante as autoridades competentes, que hoje, infelizmente, estão sob o controle dos que estão no poder, bem como perante todos os órgãos legais que nos auxiliam”.
A candidata esclareceu que sua campanha eleitoral foi “atormentada por irregularidades”, que começaram com o presidente Noboa “fazendo campanha sem licença” e continuaram com “a tomada de instituições eleitorais que permitiram ilegalmente o uso indiscriminado de recursos públicos para uma campanha aberta pelo governo em exercício”.
Desta forma, condenou a líder oposicionista, o candidato à reeleição contou com a distribuição de “remunerações e bonificações milionárias sem análise técnica como estratégia para comprar votos”. “Houve mudanças nas seções eleitorais e estabelecidos estados de emergência de última hora”, disse González, reiterando que as conclusões relacionadas às apurações são o que mais corroboram as declarações que fez no domingo, quando contestou a falsidade dos números divulgados pelo CNE, que deram a vitória a Noboa.
Em seu curto mandato, Noboa elaborou um tratado de submissão com os Estados Unidos – sob o pretexto de “ajuda” – com a justificativa de conter o narcotráfico, quando alegou ter se encontrado pessoalmente com o presidente dos EUA, Donald Trump, para discutir o caso da segurança do país. Guiado por esta cartilha, já havia assinado um tratado que viola a soberania nacional, concedendo total autonomia de ação em território equatoriano a agentes, militares e equipamentos de guerra estadunidenses. O capachismo inclui navios, aviões e o uso indiscriminado de bases militares e só não foi à frente por estar sendo barrado pela oposição parlamentar.
Fonte: Papiro