Protesto em São Paulo, nesta segunda-feira (31) | Foto: Reprodução

Os trabalhadores por aplicativo das principais operadoras no país, como iFood, Uber Flash e 99 fazem uma paralisação nacional de 48 horas nesta segunda (31) e terça-feira (1º).

As principais reivindicações da categoria são aumento da taxa mínima para R$ 10 por entrega, aumento do valor por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50, limitação do raio de atuação das bicicletas a três quilômetros e o pagamento integral por pedidos agrupados.

Além da greve, que eles chamam “Breque Nacional dos Apps 2025”, os trabalhadores fazem uma manifestação amanhã às 9h, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Manifestações e protestos também devem ocorrer em cerca de 40 cidades em todo o país.

“Somos precarizados há muito tempo e sabemos que é a remuneração que dita o quanto tempo precisamos trabalhar e ficar na rua se arriscando”, afirma Junior Freitas, uma das lideranças do movimento em São Paulo.

“Estamos aqui fazendo essa luta desde 2019, porque a pauta não muda. Não tivemos uma real melhora por parte das empresas de aplicativo”, afirma o diretor da Associação dos Trabalhadores de Aplicativos e Motociclistas do Distrito Federal e Goiás (Atam-DF/GO), Abel Rodrigues dos Santos.

De acordo com o sindicalista, o último reajuste na taxa de entrega ocorreu em 2022 e, segundo ele, mesmo assim, não houve ganho real para os trabalhadores.

Ele explica que antes do reajuste, a categoria recebia R$ 5,30 por 3 km rodados, mas mesmo o valor tendo aumentado para R$ 6,50, a quilometragem também aumentou e passou para 5km. “Rodamos mais, gastamos mais gasolina, desgastamos nossos veículos e todos esses custos recaem sobre o trabalhador. O que antes fazíamos em 10 horas, hoje exige 15 horas”, diz o sindicalista.

Sobre outra reclamação da categoria, o chamado modelo de pedidos agrupados, muito utilizado por plataformas como o Ifood, Abel Rodrigues explica que “o entregador faz sua entrega e, ao mesmo tempo, a entrega do seu vizinho. No entanto, a taxa recebida é considerada como se fosse uma única entrega, enquanto as empresas recebem o valor integral de ambas”.

Outra questão levantada pelo sindicato é em relação à segurança dos trabalhadores:  “Em 2021, 2023 e 2024, vimos crescer os números de acidentes. Perdemos colegas constantemente. As empresas de aplicativo são as únicas que não pagam o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT)”, critica Abel.

“Há entregadores com invalidez permanente ou temporária, problemas de saúde por esforço repetitivo, crises de depressão devido ao estresse constante e sobrecarga de trabalho. Isso é desumano”, denuncia.

Ele também critica o Projeto de Lei Complementar nº 12/2024, apresentado pelo do Executivo na tentativa de regulamentar a profissão. Segundo Abel, “o PL não tramitou porque é um texto ruim”. “Ele prejudica o trabalhador, não garante direitos e sequer obriga o pagamento do SAT. Esse projeto de lei só beneficia as empresas de aplicativo”, afirma.

As manifestações também buscam chamar atenção de autoridades públicas. Segundo Junior Freitas, “se o poder público não estiver do lado do trabalhador, as coisas ficam muito mais difíceis”.

Fonte: Página 8