Rússia condena intento europeu de reanimar guerra com mais “armas a Kiev”

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, denunciou nesta quarta-feira (26) o “Plano de Manutenção da Paz”, apresentado pela França e o Reino Unido que consiste em enviar tropas europeias para a Ucrânia, como uma “nova injeção de armas em Kiev”. “Não, não podemos considerar tais opções”, enfatizou Lavrov à imprensa, após as negociações em Doha, no Catar.
A recente visita do presidente francês Emmanuel Macron aos Estados Unidos pretende trilhar este descaminho, alertou. “Em Washington, Macron falou da necessidade de um cessar-fogo urgente e da introdução de forças de manutenção da paz, e depois, disse ele, falaremos sobre territórios e o destino das pessoas. Isso é uma farsa. É impossível chegar a um acordo cujo objetivo seja entupir de armas a Ucrânia novamente”, afirmou o ministro russo.
O governo Vladimir Putin se opõe veemente ao descaminho manifestado por governos europeus que minimizam o papel do diálogo e da negociação, insistindo na resolução do confronto pela via militar. “A Europa anunciou novos grandes pacotes de ajuda militar a Kiev. Isso os incita a continuar com as operações militares. Por exemplo, o primeiro-ministro da Dinamarca declarou que nesta situação, para a Ucrânia, a paz é pior do que a guerra”, apontou Lavrov.
“Estamos esperando que nossos colegas europeus parem de espalhar mentiras de que a Rússia está bloqueando as negociações. O presidente russo Vladimir Putin respondeu repetidamente a essas falsas alegações, apontando que a liderança ucraniana, instigada pela Europa, se recusa a negociar”, destacou Lavrov.
Além de condenar o decreto de Volodymyr Zelensky, que proíbe negociações com a Rússia, o ministro russo rebateu declarações de antes de se sentar à mesa é necessário garantir a superioridade no campo de batalha. Neste sentido, assinalou, os países europeus estão dando continuidade às suas políticas irremediavelmente ultrapassadas em relação à Ucrânia. “Assumimos que a melhor ajuda para quem quer ajudar a resolver o conflito é compreender as suas causas profundas, tal como fez o presidente Trump, que afirmou que a sua raiz está na expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a tentativa de integrar a Ucrânia nesta aliança”, acrescentou.
Lavrov recordou que a Rússia também está tentando alertar a comunidade internacional para outro motivo sério que provocou o conflito. “Esta é a trajetória do regime que chegou ao poder na Ucrânia como resultado de um golpe de Estado. Um caminho para o extermínio de tudo o que é russo. Isto constitui uma violação direta da Carta das Nações Unidas, que exige o respeito pelos direitos humanos, incluindo sobretudo os direitos linguísticos e religiosos. Nenhum dos representantes ocidentais fala sobre isso. O reconhecimento destes fatores e a sua promoção por qualquer país será a melhor contribuição para uma solução justa para o conflito”, frisou.
“Anunciamos que nossos diplomatas e especialistas de alto nível se reunirão e considerarão os problemas sistêmicos que se acumularam como resultado das atividades ilícitas da administração anterior para criar obstáculos artificiais às funções da embaixada russa, às quais naturalmente retribuímos e criamos condições desconfortáveis para o trabalho da Embaixada dos EUA em Moscou. Tal reunião ocorrerá nesta quinta-feira [27] em Istambul”, explicou Lavrov.
Em função do resultado das negociações, ficará claro o quão rápido e eficientemente ambos os países podem se mover, sentenciou o ministro russo.
Fonte: Papiro