As intersecções possíveis entre o desenvolvimento brasileiro e chinês e suas disparidades são tema de estudos do Cebrac, Centro de Estudos Avançados Brasil-China, da Fundação Maurício Grabois.

Foi criado esta semana o Centro de Estudos Avançados Brasil-China (Cebrac), pela Fundação Mauricio Grabois. Com uma agenda ambiciosa e a consolidação de parcerias estratégicas, o Cebrac se posiciona como um espaço inovador para o estudo do desenvolvimento e para o fortalecimento dos laços entre Brasil e China, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada dos desafios e oportunidades no cenário global.

Em entrevista, Euzebio Jorge Silveira, coordenador geral, detalhou os objetivos e as iniciativas que marcarão o funcionamento do novo espaço. Segundo Silveira, o Cebrac foi idealizado a partir de uma demanda identificada pela Fundação Maurício Grabois, que vislumbrou a necessidade de um ambiente de debate e reflexão acerca do modelo de desenvolvimento chinês. “A ideia é observar como a China, em poucas décadas, conseguiu tirar milhões de pessoas da pobreza, e a partir disso analisar alternativas e estratégias que possam inspirar o desenvolvimento brasileiro”, explicou.

Euzébio Jorge Silveira é coordenador-geral do Cebrac

Segundo Silveira, o Cebrac nasce com a missão de ser um ambiente de debate e reflexão sobre o desenvolvimento chinês, permitindo analisar e adaptar, de forma crítica, alternativas para o desenvolvimento brasileiro. “A China tirou mais de 400 milhões de pessoas da pobreza em menos de quatro décadas. Analisar esse modelo é fundamental para entender possíveis caminhos para o Brasil”, afirma o economista, que também é doutor em desenvolvimento econômico e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESP).

Espaço multidisciplinar para ensino, pesquisa e extensão

O novo centro atuará de maneira abrangente, integrando ensino, pesquisa e extensão. Silveira destaca que o Cebrac foi concebido para estabelecer diálogos com pesquisadores e acadêmicos da China, criando grupos de estudo, envolvendo não apenas pesquisadores e acadêmicos, mas também formuladores de políticas públicas, gestores e especialistas em comunicação e cultura, e promovendo pesquisas em conjunto e ampliando as trocas culturais e institucionais. “Queremos ir além do acadêmico, incentivando a troca de experiências e materiais que contribuam para uma comunicação mais clara sobre o que é a China e qual o significado dessa etapa de desenvolvimento”, explica.

Com uma agenda ambiciosa e a consolidação de parcerias estratégicas, o Cebrac se posiciona para se tornar uma referência importante no estudo da China. Através de pesquisas profundas e da produção de materiais inovadores, o centro visa promover um diálogo que ultrapassa os limites acadêmicos, oferecendo subsídios para repensar os caminhos do desenvolvimento na América Latina e para compreender os desafios de um mundo cada vez mais interconectado e competitivo.

Parcerias internacionais e agenda

A formalização do centro aconteceu nesta segunda-feira (17), mas o debate sobre sua criação já vinha ocorrendo desde o semestre passado. Entre os parceiros que impulsionaram a ideia está o pesquisador Rodrigo Moura, que desenvolve estudos na China a partir da perspectiva da América Latina.

Além disso, o Cebrac já está consolidando uma parceria estratégica com a Chinese Academics of Social Sciences (CASS), instituição referência no pensamento marxista. “A Fundação Maurício Grabois formalizou um convênio com a CASS em novembro do ano passado, o que reforçou a necessidade de criar um centro voltado para as relações bilaterais entre Brasil e China”, ressalta Silveira.

Para este semestre, o centro planeja fechar convênios com cinco universidades chinesas e organizar um simpósio, previsto para os meses de março e abril, que reunirá pesquisadores, policy makers e gestores públicos interessados em explorar essas novas relações. A iniciativa também visa fomentar a publicação de estudos e a curadoria de conteúdos bilíngues: artigos produzidos por pesquisadores chineses poderão ser divulgados no Brasil, enquanto os trabalhos brasileiros serão adaptados para o público chinês.

Referência em estudos sobre a China e desenvolvimento

O economista afirmou que o centro tem como meta se tornar uma referência não só para o entendimento da China, mas também para a análise de alternativas de desenvolvimento para a América Latina. Segundo ele, o Cebrac buscará produzir materiais exclusivos e inovadores, contribuindo para um debate aprofundado sobre temas estratégicos que dialogam com o processo de transformação da China.

Euzebio destacou duas atuações principais neste primeiro momento. A primeira é a escolha de temas específicos—como a transição ecológica, a sociedade ecológica, a ciência, a tecnologia e a inovação—nos quais o centro pode se aprofundar a ponto de ser referência no Brasil e em toda a América Latina. “Queremos, gradativamente, consolidar estudos que tragam reflexões e soluções para os desafios contemporâneos, utilizando a experiência chinesa como um espelho para a transformação industrial e social da nossa região”, explicou.

O segundo objetivo é utilizar a análise do processo de desenvolvimento da China para repensar o próprio modelo latino-americano. Silveira pontuou que, enquanto a América Latina ainda convive com os limites da complexidade industrial e enfrenta problemas sociais históricos, a China, que há pouco tempo era considerada periférica, conseguiu incorporar uma grande parcela de sua população nas atividades produtivas e reduzir de forma impactante os índices de pobreza. “A China se destaca por transformar desafios em oportunidades, criando um modelo que, se bem compreendido, pode nos ajudar a enfrentar a desigualdade e os entraves ao desenvolvimento”, afirmou.

Multiplicidade do desenvolvimento chinês

Segundo o coordenador, a escolha da China não se restringe apenas a uma análise econômica ou social, mas se fundamenta em uma compreensão multidimensional do desenvolvimento. “O processo de industrialização chinês não se resume a números. Ele representa a desterritorialização da indústria global e a criação de cadeias de valor que posicionam a China como um player central na economia mundial”, disse.

Silveira destacou que, no contexto geopolítico atual, a China também é alvo de uma estratégia dos Estados Unidos para manter sua hegemonia global—por meio de conflitos comerciais que, na verdade, são apenas a ponta do iceberg de um processo de mudança no cenário internacional. Além disso, a China vem se destacando na produção de bens ecológicos, como painéis fotovoltaicos, baterias e carros elétricos, demonstrando como é possível combinar desenvolvimento industrial com uma transição ecológica eficaz.

Contribuição para a compreensão dos desafios globais

Ao abordar a relevância dos estudos sobre a China, Euzebio ressaltou que o Cebrac pretende ser uma ponte entre o conhecimento produzido na China e os desafios enfrentados pela América Latina. “A ideia é observar de perto a realidade chinesa—seu crescimento industrial, suas inovações tecnológicas e a forma como eles lidam com a desigualdade social—para, a partir daí, contribuir com estudos e propostas que possam ser aplicadas em nosso contexto”, explicou.

Além disso, o centro planeja acompanhar as dinâmicas geopolíticas que envolvem a China, contribuindo para a compreensão das ameaças e oportunidades que emergem neste cenário global em constante transformação.

Uma nova perspectiva para o diálogo Brasil-China

O pesquisador detalhou como o debate sobre o desenvolvimento na China pode ser articulado com os desafios do Brasil e de toda a América Latina. Segundo Silveira, “primeiro a Ásia e a América Latina guardam alguns paralelos no que diz respeito a uma certa trajetória de desenvolvimento a partir da década de 50, mas a partir dos anos 80 os caminhos se distanciam.” Ele ressalta que, enquanto países asiáticos como a Coreia do Sul conseguiram ingressar na terceira revolução tecnológica industrial e integrar cadeias de produção mais complexas, o Brasil e seus vizinhos não conseguiram dar esse salto.

“O ponto fundamental é como o Brasil não conseguiu fazer parte de uma cadeia de produção intensiva em tecnologia, capaz de gerar níveis elevados de emprego”, explica Silveira. Essa reflexão abre espaço para que o Cebrac estude como a experiência chinesa pode oferecer subsídios para a construção de um novo modelo de desenvolvimento brasileiro, que contemple a modernização industrial e a ampliação da competitividade.

Transição ecológica e sustentabilidade

Outro tema central na discussão é a transformação ecológica e os desafios da sustentabilidade. Silveira observa que “os países que ainda não se desenvolveram não podem simplesmente reproduzir as fórmulas dos países europeus ou da América do Norte” em matéria de sustentabilidade.

Nesse contexto, a China já escolheu, de forma estratégica, tecnologias para a transição ecológica. Entre elas, destacam-se a expansão de transportes coletivos, como trens de alta velocidade e ônibus movidos a hidrogênio, que podem inspirar o Brasil a adaptar soluções tecnológicas às suas realidades, conciliando desenvolvimento industrial com a urgência de enfrentar as mudanças climáticas.

Para Silveira, as relações entre Brasil e China vão muito além dos números do comércio bilateral. “A China é o nosso maior parceiro comercial, superando até mesmo os Estados Unidos”, afirma. Essa parceria comercial impulsiona a necessidade de aprofundar o intercâmbio tecnológico e a transferência de conhecimento.

O centro enxerga a possibilidade do Brasil absorver tecnologias desenvolvidas na China e adaptá-las ao sistema nacional de ciência e tecnologia, o que pode posicioná-lo como um player relevante no cenário dos BRICS e no sul global. Esse intercâmbio não só fortalece a economia brasileira, mas também contribui para a construção de políticas públicas mais eficazes e sustentáveis.

Partido Comunista Chinês e modelo de modernização

Um dos pontos mais instigantes destacados por Silveira é o estudo do funcionamento do Partido Comunista da China (PCC). Para ele, analisar o modelo de gestão e as instituições decisórias chinesas é fundamental para compreender “como uma sociedade encontra os seus próprios meios e constrói um caminho de desenvolvimento legítimo e adaptado à sua realidade.”

Diferente dos partidos políticos ocidentais, o PCCh integra o aparato estatal e estratégico da China, o que permite uma abordagem diferenciada da modernização. “Essa análise nos possibilita entender não só como o país se transformou em uma sociedade próspera, mas também como poderíamos aplicar certos aprendizados no contexto brasileiro”, afirma o coordenador do Cebrac. Segundo ele, essa reflexão é essencial para delinear o que ele chama de “socialismo do século XXI” e o horizonte de uma nova sociedade que promova a inclusão e a redução das desigualdades.

Ao articular os paralelos entre o desenvolvimento asiático e os desafios estruturais do Brasil, o Cebrac se posiciona como um espaço de reflexão e produção de conhecimento que visa não apenas compreender a trajetória chinesa, mas também extrair lições aplicáveis ao contexto latino-americano.

“Entender o que acontece na China nos ajuda a pensar o Brasil, porque existem similaridades estruturais e desafios comuns, como a necessidade de se inserir em cadeias produtivas mais complexas e de promover uma transição ecológica eficaz”, conclui Euzebio Jorge Silveira.

O centro já conta com uma página no Portal Grabois e lançará, em breve, um programa semanal na TV Grabois, mas a meta é que o instituto tenha personalidade jurídica própria e canais de comunicação independentes.

Leia os principais trechos da entrevista:

Quais os objetivos da formação do Centro de Estudos Avançados Brasil-China (CEBRAC)?

Euzebio Jorge Silveira:
O CEBRAC é uma demanda que surgiu no âmbito da Fundação Maurício Grabois, com o objetivo de criar um espaço de debate e reflexão sobre o desenvolvimento chinês, de modo que possamos analisar alternativas para o desenvolvimento brasileiro. Em essência, o CEBRAC é um centro de estudos avançados que atuará nos campos do ensino, da pesquisa e da extensão. Estamos estabelecendo diálogos com pesquisadores acadêmicos da China para formular reflexões, montar grupos de estudo e desenvolver pesquisas em conjunto. Além disso, buscamos criar relações que vão além do acadêmico, promovendo trocas de experiências e materiais no campo da cultura, e garantindo parcerias institucionais, como convênios com universidades que possibilitem a vinda de estudantes chineses ao Brasil e vice-versa. Nossa meta é contribuir para uma comunicação mais clara sobre o que é a China, considerando que, em apenas quatro décadas, o país conseguiu tirar mais de 400 milhões de pessoas da pobreza – um feito realmente impactante.

E quando que começou isso? Foi definido agora a formação do CEBRAC?

Euzebio Jorge Silveira:
A ata de fundação do CEBRAC foi assinada ontem, mas o debate sobre sua criação já vinha acontecendo desde o semestre passado. Por exemplo, o Rodrigo Moura, que estuda na China, criou um centro de estudos sobre a América Latina nesse país, o que estimulou essa parceria China-América Latina. Nesse período, desenvolvemos a ideia do centro e reunimos um grupo heterogêneo de pesquisadores, acadêmicos e especialistas em políticas públicas – como o Ricardo Leiser, que fez parte da direção executiva e foi ministro da educação, e o Elias Jabbour, que integra nosso conselho consultivo. Embora a formalização tenha ocorrido recentemente, a reflexão e o desenvolvimento da ideia começaram entre novembro e dezembro do ano passado.

Você já mencionou a parceria com o Centro de Estudos da América Latina. Existem outros parceiros que já estão se formando?

Euzebio Jorge Silveira:
Sim, estamos consolidando uma parceria com a CASS – China Academics Social Science – uma universidade de sociologia da China, referência no pensamento marxista. A Fundação Maurício Grabois formalizou esse convênio em novembro do ano passado, o que evidenciou a necessidade de uma instituição voltada para a relação bilateral entre Brasil e China, especialmente no campo da pesquisa e de parcerias institucionais.

Já existe uma agenda definida? Vocês estão planejando alguma iniciativa?

Euzebio Jorge Silveira:
Sim. A Fundação Maurício Grabois já vinha identificando a necessidade de constituir essas parcerias. Temos, por exemplo, o objetivo de fechar convênios com cinco universidades chinesas neste semestre, que já estão em negociação. Além disso, planejamos realizar um simpósio entre março e abril para consolidar essas parcerias, em negociação com a CASS e outras instituições.

E quanto a publicações, há possibilidades nesse sentido?

Euzebio Jorge Silveira:
Certamente. Os convênios que estamos estabelecendo têm objetivos diversos. Um deles, em parceria com a CASS, envolve a publicação conjunta. Por exemplo, todas as edições da revista Princípios poderão incluir artigos em português de pesquisadores chineses, e também faremos uma curadoria de textos de pesquisadores brasileiros para publicação em chinês. Planejamos parcerias editoriais em que a CASS cederá livros para serem publicados no Brasil com o selo do CEBRAC, abordando temas como sociedade ecológica, o pensamento de Xi Jinping, e inovação e tecnologia na China. Além disso, teremos parcerias no campo da comunicação, para que a criação do CEBRAC seja divulgada também na China, gerando um fluxo contínuo de difusão científica entre os dois países.

O CEBRAC pode vir a se tornar uma referência importante sobre a China, pois poderá produzir materiais exclusivos e inovadores sobre o assunto, certo?

Euzebio Jorge Silveira:
Nosso objetivo é, primeiramente, escolher temas em que possamos nos tornar referência, tanto no Brasil quanto na América Latina. Temas como transição ecológica, sociedade ecológica, ciência, tecnologia e inovação serão aprofundados. Em um segundo momento, esperamos que as parcerias e convênios façam com que o CEBRAC se consolide como uma referência na região. Queremos aproveitar a experiência chinesa – que transformou um país periférico em uma potência capaz de reduzir drasticamente a pobreza – para repensar o desenvolvimento latino-americano, entendendo, por exemplo, os limites da nossa complexidade industrial e a persistência dos problemas sociais. A China, com sua impressionante trajetória de ascensão e redução de desigualdades, pode oferecer lições valiosas para o Brasil.

Agora, falando de geopolítica, por que a China é o foco dos estudos do CEBRAC?

Euzebio Jorge Silveira:
Quando falamos em desenvolvimento econômico, estamos tratando de um conceito multidimensional. A China se destaca não apenas pela industrialização, mas pela sua capacidade de se transformar em uma referência industrial global. Ela ingressou, por exemplo, na constituição de cadeias globais de valor, distanciando-se do papel de país periférico, algo que o Brasil não conseguiu fazer plenamente. Além disso, a China se posiciona na produção de bens ecológicos – como painéis fotovoltaicos, baterias e carros elétricos – e demonstra um comprometimento com a transição ecológica. Essa multiplicidade de dimensões, que vai desde a superação da pobreza até a consolidação industrial e tecnológica, torna a China um objeto de estudo fundamental, especialmente em um cenário onde há uma tentativa dos Estados Unidos de manter sua hegemonia global. Analisar a China nos ajuda a compreender não só os desafios do desenvolvimento, mas também as oportunidades para transformar a nossa realidade.

Como se articulam os temas do Brasil com esse debate?

Euzebio Jorge Silveira:
Os paralelos entre a trajetória de desenvolvimento da Ásia e da América Latina são notáveis. Historicamente, a partir dos anos 50, ambas seguiram caminhos similares, mas a partir dos anos 80, países como Brasil e a maioria da América Latina se distanciaram dos países asiáticos que conseguiram participar da terceira revolução tecnológica industrial. O Brasil não conseguiu integrar uma cadeia de produção mais complexa, intensiva em tecnologia, capaz de gerar bons níveis de emprego. Além disso, temas como sustentabilidade e transformação ecológica são cruciais: os países em desenvolvimento não podem simplesmente adotar os modelos dos países já industrializados. A China, por exemplo, selecionou tecnologias essenciais para uma transição ecológica – como trens de alta velocidade, ônibus movidos a hidrogênio e expansão dos transportes coletivos –, adaptadas às suas condições econômicas e sociais. Assim, entender o que acontece na China pode nos ajudar a repensar o desenvolvimento brasileiro, considerando as similaridades estruturais e os desafios do nosso capitalismo, sobretudo na era da transição ecológica.

Quais intersecções entre Brasil e China podem ajudar nesse debate?

Euzebio Jorge Silveira:
A China é atualmente o nosso maior parceiro comercial, superando inclusive os Estados Unidos. Mesmo que o Brasil ainda enfrente desafios como a condição de país subdesenvolvido, discutir a China é discutir o futuro da nossa economia. Há potencial para a transferência de tecnologia, permitindo que absorvamos inovações e as adaptemos ao nosso sistema nacional de ciência e tecnologia. Isso pode nos projetar como um player importante na América Latina e no sul global, especialmente no contexto dos BRICS, que reúnem uma parte significativa da população e da economia global. Em resumo, o desafio é entender o projeto de desenvolvimento chinês e como ele pode contribuir para o nosso progresso.

E quanto à gestão do Partido Comunista da China? Esse é também um alvo de estudo do CEBRAC?

Euzebio Jorge Silveira:
Sim, definitivamente. Discutir o Partido Comunista da China (PCC) é analisar como se dá a gestão dos processos decisórios e a articulação dos diversos players na construção do projeto civilizacional do país. O PCCh não é análogo aos partidos do Brasil; ele é parte integrante do funcionamento estratégico da China. A abordagem chinesa de modernização – que não busca replicar modelos ocidentais, mas construir um caminho próprio – nos permite compreender como uma sociedade pode encontrar e implementar seus próprios meios de desenvolvimento. Essa análise é fundamental para entendermos não apenas a trajetória de sucesso da China, mas também para refletirmos sobre o que poderia ser o socialismo do século XXI, e como adaptar essas lições para o Brasil, um país com desafios atuais que exigem soluções inovadoras.

(por Cezar Xavier)