Ato em Berlim alerta contra o racismo presente nas manifestações neonazistas da AfD | Foto: Reprodução

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em Berlim contra o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), uma semana antes das eleições gerais no país, sob o lema “Humanidade Unida”.

Desde a Segunda Guerra Mundial há uma união implícita para a rejeição de qualquer colaboração com os que advogam a restauração do nazismo ou ideologias similares.

Devido à submissão dos governos conservadores alemães a Washington, com sanções à Rússia, o que estagnou a economia e ao envio massivo de armas à guerra da Otan – por procuração na Ucrânia –, a demagogia da AfD ganhou espaço e as pesquisas preveem o segundo lugar para o partido direitista. 

O centro da manifestação foi na Bebelplatz, no coração de Berlim, e a multidão encheu tanto a praça quanto a Avenida Unter den Linden.

 “Nossa democracia está sob um ataque feroz. Vamos votar em um partido democrático!”, conclamou o cantor alemão Herbert Grönemeyer que, junto com vários músicos nacionalmente conhecidos como o baterista Bela B da banda Die Ärzte (Os Doutores), se apresentou no comício. Em seu discurso, ele defendeu uma Alemanha aberta e amigável à imigração, em contrapartida ao endurecimento de posições que marcam a campanha eleitoral.

Julia Duchrow, secretária-geral da Anistia Internacional na Alemanha, assinalou que os manifestantes foram às ruas “para defender a base da nossa coexistência: os direitos humanos”. “Nós nos posicionamos firmemente contra aqueles que querem excluir pessoas, aqueles que querem dividir o mundo entre ‘nós’ e ‘os outros’, e dizemos claramente: os direitos humanos se aplicam a todos. E aqueles que violam os direitos de alguns violam os direitos de todos”, disse Duchrow.

Para Hannelore Reiner, uma aposentada de 71 anos do grupo «Omas gegen Rechts» (Avós contra a direita) que participou do protesto, a reaproximação que ameaça se verificar entre setores conservadores e a extrema direita lembra os tempos sombrios em que o fascismo estava em ascensão em Berlim.

“Há muitos paralelos com 1933, com o tempo antes da guerra, quando o fascismo de Hitler chegou ao poder (…) Muitas coisas me lembram disso. As discussões naquela época, a exclusão, os ataques à democracia. E temo que a história se repita. Não podemos deixar que isso aconteça!”.

Nas últimas semanas, milhares de pessoas se manifestaram em toda a Alemanha contra a radicalização da ultra-direita. Protestos contra esses setores também foram realizados em várias cidades no sábado. De acordo com o canal Hessischer Rundfunk, 15.000 pessoas se reuniram em Frankfurt e, de acordo com a polícia, cerca de 13.000 pessoas se reuniram em Düsseldorf.

Fonte: Papiro