Foto: Bradesco/Divulgação

O Bradesco registrou um lucro líquido de R$ 5,402 bilhões no quarto trimestre de 2024, o ganho é 87,7% maior que o registrado no mesmo período do ano de 2023, segundo dados divulgados pela instituição financeira, nesta sexta (7).

Ao todo, o banco registrou um lucro de R$ 19,55 bilhões no exercício de 2024, mesmo ano que a população brasileira viu novamente a economia do país desacelerar, a partir do segundo semestre, por influência da retomada do ciclo de aumentos da taxa de juros e da implantação de medidas neoliberais de cortes de investimentos públicos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Neste ano, os economistas já projetam que a economia deve entrar em recessão, entre o terceiro e o quarto trimestre. Não é à toa, nenhuma economia se sustenta por muito tempo com os juros em níveis escorchantes do Banco Central (BC) inibindo os investimentos do setor produtivo e aumentando a transferência de renda da população – via o pagamento dos juros da dívida pública – aos bancos, que chegou R$ 950 bilhões no ano passado.

O presidente-executivo do banco, Marcelo Noronha, prevê um cenário com maior risco em 2025 do que em 2024 para as empresas produtivas.  

“Ela vai pagar custo acima de 20% ao ano, fica mais complicado dependendo do grau de alavancagem”, comenta o banqueiro, que na semana passada havia elogiado a decisão do BC de aumentar a Selic (taxa base de juros), em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25%.

“O Banco Central foi assertivo ao dizer em seu comunicado que há possibilidade de a economia esfriar mais do que o imaginado. É exatamente o que nós esperamos. Nós antevemos que com o juro a 15,25% ao ano, nossa projeção atual, a economia brasileira estará em recessão no segundo semestre deste ano”, disse Noronha, em entrevista ao programa “VEJA Mercado”.

Os juros em níveis elevados encarecem o crédito, derruba a demanda por bens e serviços e não permite que as famílias com dívidas em atraso consigam negociar seus débitos a juros mais baratos.

Em dezembro de 2024, a produção industrial nacional recuou em -0,3%, sendo a terceira queda consecutiva (outubro  -0,2% e de novembro caiu -0,7%), conforme dados do IBGE. Já as vendas do comércio brasileiro recuaram 0,4% em novembro frente a outubro, enquanto o volume de serviços prestados no país recuou 0,9% no mesmo intervalo de tempo.

Por outra via, os brasileiros seguem em dificuldades financeiras, com a grande maioria não conseguindo pagar suas contas no final do mês.

Ao todo, no Brasil são mais de 73,5 milhões de consumidores inadimplentes, segundo dados da empresa Serasa.

Fonte: Página 8