Trump monta em Guantánamo campo de concentração para 30 mil imigrantes
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O presidente Donald Trump emitiu nesta quarta-feira (29) uma ordem executiva ordenando que o Pentágono e o Departamento de Segurança Interna (‘Homeland’) ajam para tornar a prisão anexa à base de Guantánamo – tristemente célebre pela tortura e pelos prisioneiros sequestrados de vestimenta laranja – em um campo de concentração para 30 mil imigrantes.
A ordem – já repudiada por Cuba – integra a caçada aos imigrantes perpetrada por Trump em seu segundo mandato, que se desdobra da fronteira no sul a duas das maiores cidades dos EUA, Nova Iorque e Chicago, inclusive com invasão de escolas, igrejas e locais de trabalho, voltada para tornar os imigrantes em bodes expiatórios da decadência norte-americana.
“Temos 30 mil leitos em Guantánamo para deter os piores criminosos ilegais que ameaçam o povo americano”, disse Trump durante um evento na Casa Branca.
“Em um ato de brutalidade, o novo governo dos EUA anuncia a prisão na Base Naval de Guantánamo, localizada em território cubano ilegalmente ocupado, de milhares de migrantes que expulsa à força, e os colocará ao lado dos conhecidos centros ilegais de tortura e detenção”, condenou o presidente cubano Miguel Díaz-Canel.
O anúncio – registrou o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodriguez – “demonstra desprezo pela condição humana e pelo direito internacional”.
Segundo Trump, alguns deles [imigrantes] “são tão maus que nem confiamos nos países para mantê-los porque não queremos que eles voltem, então vamos mandá-los para Guantánamo. Isso dobrará nossa capacidade [prisional] imediatamente.”
A prisão de Guantánamo foi estabelecida em 2002, pelo então presidente George W. Bush, durante sua “Guerra ao Terror”, para receber suspeitos de terrorismo e supostos combatentes “ilegais” sequestrados no mundo inteiro no processo de invasão do Afeganistão e do Iraque.
Guantánamo tornou-se, para o mundo, sinônimo de “waterboarding” – afogamento – e das mais extremadas sevícias, tendo chegado a ter 780 presos, mantidos em jaulas, dos quais 15 continuam lá até hoje, apesar de repetidas promessas de fechamento. Apenas dois presos chegaram a ser condenados.
Na época de sua instauração, estava em vigor nos EUA o estatuto que legalizava a tortura, e a escolha por Guantánamo visava deixar os presos em um limbo legal, onde não vigorava a lei norte-americana – a base está em território estrangeiro, Cuba -, sob arbítrio completo do Pentágono, sem direito a advogado, sem qualquer proteção legal, nem acesso de qualquer país aos acusados. A grande maioria mantida sem qualquer acusação.
Ao que tudo indica, Trump pretende repetir a dose, desta vez contra imigrantes. Na véspera, o Pentágono dera permissão ao Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) – a Gestapo anti-imigrantes de Trump – para deter os “aliens” – é assim que são tratados sob esse governo – na Base da Força Espacial de Buckley, no Colorado.
Fonte: Papiro