Custo da cesta básica aumentou no ano passado em todas as capitias, segundo Dieese
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Monitorando mensalmente o preço da cesta básica no país, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) demonstrou que, em 2024, a alimentação ficou mais cara em todas as 17 capitais brasileiras.
Os maiores aumentos no conjunto de alimentos da cesta, entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, foram identificados em João Pessoa (11,91%), Natal (11,02%), São Paulo (10,55%) e Campo Grande (10,41%). Na capital mais cara, São Paulo, a cesta básica em dezembro chegou a R$ 841,29 – o que corresponde a 53,75% do salário mínimo líquido vigente no ano passado.
“Em 12 meses, a tendência para todos os produtos da cesta básica foi de elevação de preços, consequência da instabilidade climática, da demanda externa e do real desvalorizado em relação ao dólar”, diz o estudo do DIEESE. Carne bovina de primeira, leite integral, arroz agulhinha, café em pó, banana e óleo de soja foram os produtos que mais contribuíram para o aumento do preço da cesta básica em todas as capitais. Adiciona-se o pão francês e a manteiga, que encareceram na maior parte dos locais pesquisados.
O aumento de preços, sobretudo dos alimentos, também ficou expresso nos dados da inflação oficial do país: em 2024, os preços gerais subiram 4,83%, enquanto Alimentos e Bebidas, item que mais tem peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), subiu 7,69% em 12 meses.
Diante da situação, o presidente Lula declarou que é necessário resgatar um dos compromissos centrais do governo, que é baixar o preço da comida.
“Os alimentos estão caros. É uma tarefa nossa garantir que o alimento chegue na mesa do povo trabalhador, da dona de casa, na mesa do povo brasileiro”, disse Lula em reunião ministerial na Granja do Torto na segunda-feira (20). Segundo ele, a partir de 2025, “é necessário entregar ao povo brasileiro tudo aquilo que a gente prometeu, que ele espera de nós e que nós ainda não entregamos. O ano de 2025 é o ano da colheita. E nós não podemos falhar”.
O peso da inflação – que é grave, sobretudo, por se concentrar nos alimentos básicos que registram aumentos expressivos – se explica em partes pelos fenômenos climáticos de 2024 que penalizaram a produção de alimentos, mas não só. A dolarização da economia, a ausência de instrumentos reguladores de estoques de alimentos e insumos, e a corrosão do poder de compra da população com reajustes insuficientes nos salários, são as causas dos preços que penalizam principalmente os mais pobres, conforme aponta o economista David Deccache:
“Embora o cenário esteja longe de um colapso econômico, ele evidencia a continuidade de graves problemas estruturais herdados (…). Entre esses problemas, destacam-se a lógica da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobrás, que, mesmo suavizada, segue amplificando os impactos da pressão cambial sobre o custo de vida; a ausência de instrumentos não monetários para controle da inflação, como estoques reguladores de alimentos; e o enfraquecimento de mecanismos compensatórios, como o poder de compra do Bolsa Família corroído e uma valorização do salário mínimo insuficiente para conter a insatisfação popular”.
Enfrentar a inflação, aponta o economista, é desafiar a “lógica do controle da inflação por intermédio de políticas de austeridade fiscal e das altas taxas de juros – a pior resposta para os trabalhadores”. “Esse embate será central em 2025, definindo os rumos econômicos e sociais do país”.
Fonte: Página 8