Sociedade sul-coreana se mobiliza pelo impeachment do aspirante a ditador | Foto: Yonhap

O sindicato dos trabalhadores da automobilística sul-coreana Hyundai, situada em Seul, está se somando à greve decretada na quarta-feira (04) pela Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU), exigindo a demissão do presidente do país, Yoon Suk-yeol, que baixou lei marcial para evitar a recusa da sociedade às suas medidas de arrocho.

“O sindicato da Hyundai, que reúne 43 mil trabalhadores, fará paralisações de trabalho de quatro horas na quinta e na sexta-feira [5 e 6 de dezembro]”, assinalou, citando fontes sindicais.

Em 3 de dezembro, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, declarou a lei marcial no país que proibia atividade sindical, greves, manifestações e fechava o parlamento. Ainda por cima, sem nenhuma outra informação, acusou a oposição de simpatizar com a Coreia do Norte.

Pelo mesmo ato, proibiu as atividades dos partidos políticos e colocou a mídia sob controle militar.

O que havia ocorrido na véspera era que a Assembleia Nacional tinha destituído um procurador da patota de Yoon, por omissão na investigação sobre corrupção da primeira-dama, e tinha rejeitado os cortes dos gastos sociais da lei de orçamento apresentada pelo governo, voltada para pagar banqueiros e liberar dinheiro para a indústria bélica, a serviço do objetivo nefasto de facilitar a constituição de uma “OTAN asiática”, como vem articulando o país que ocupa o sul da Coreia há sete décadas.

O principal líder da oposição sul-coreana, Lee Jae-myung, do Partido Democrático, qualificou de “inconstitucional” a decisão de Yoon, que atuou como procurador antes de ser eleito presidente, e alertou que a medida converteria a Coreia do Sul de um “governo por procuradores em um Estado tutelado pelo Exército”.

Posteriormente, a maioria dos deputados conseguiu entrar no edifício do Parlamento e votou a favor do levantamento da lei marcial, que Yoon finalmente teve de aceitar. O Partido Democrata prometeu iniciar um processo político para destituir o presidente caso ele não renunciasse.

Vários altos funcionários próximos de Yoon já renunciaram aos seus cargos, incluindo o seu chefe de gabinete, Chung Jin-suk, e o conselheiro de segurança nacional, Shin Won-sik.

Neste dia 5 de dezembro, foi informado que a moção de impeachment do presidente será colocada em votação no Parlamento no próximo sábado, 7 de dezembro.

Setores sociais de todo o país se reuniram pelo segundo dia consecutivo na quinta-feira (05) para pedir que o presidente Yoon Suk Yeol renuncie devido à sua tentativa frustrada de impor a lei marcial.

Membros da Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU) e outros grupos sociais realizaram protestos em Gyeryong e outras partes da província de Chungcheong do Sul, começando às 7h40, para exigir a renúncia de Yoon.

Os manifestantes seguravam faixas com os dizeres: “A anulação da lei marcial é uma vitória para a democracia” e “Prendam imediatamente o criminoso traidor Yoon Suk Yeol e seus cúmplices”, enquanto convocavam as pessoas a participarem da ação conjunta.

“Precisamos derrubar o presidente Yoon, que fez o relógio da República da Coreia voltar 44 anos, e fazê-lo pagar pelos terríveis 155 minutos”, disseram eles, referindo-se ao período desde que Yoon impôs a lei marcial até a Assembleia Nacional votar para encerrá-la.

Fonte: Papiro