Total de indiciados pela PF por golpe chega a 40
A Polícia Federal indiciou mais três militares que participaram do planejamento e tentativa de golpe ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegando a 40 indiciados. Eles agiram para conseguir financiamento para os atos golpistas, disseminar fake news sobre as urnas eletrônicas e no monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os indiciados são:
– Aparecido Andrade Portela, militar da reserva e suplente da senadora Tereza Cristina (PL-MS);
– Reginaldo Vieira de Abreu, era chefe de gabinete de Mario Fernandes, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, que também foi indiciado;
– Rodrigo Bezerra de Azevedo, militar com formação nas Forças Especiais, conhecidas como “kids pretos”.
A PF entregou para o STF um relatório complementar indiciando os três. No relatório anterior, a corporação indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
A investigação identificou que Aparecido Portela intermediou a conversa entre o governo Bolsonaro e os financiadores dos atos golpistas que ocorriam no Mato Grosso do Sul após a derrota de Jair nas eleições de 2022.
Somente em dezembro daquele ano, Aparecido esteve 13 vezes no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, informou a PF. Neste período, Bolsonaro estava focado em organizar o plano para instalar uma ditadura e permanecer no poder.
Ele “é amigo próximo de Jair Bolsonaro desde o período em que ambos serviram na cidade de Nioaque (MS), na década de 70”, diz o relatório.
Em aplicativos de mensagem, ele se comunicava com o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e utilizava o termo “churrasco” para se referir ao golpe que organizavam.
Já o coronel da reserva Reginaldo Vieira Abreu agiu junto com o general Mario Fernandes para disseminar fake news sobre as urnas eletrônicas, tendo como objetivo “impedir a posse do governo legitimamente eleito”.
Os investigadores apontam que Reginaldo fraudou, junto com Fernandes, um relatório das FFAA de fiscalização das eleições.
“O objetivo era alinhar o conteúdo do documento com os dados falsos divulgados pelo argentino Fernando Cerimedo, evidenciando uma coordenação entre os núcleos da organização criminosa”, diz o relatório.
Fernando Cerimedo é um argentino que realizou uma transmissão ao vivo, muito compartilhada entre os bolsonaristas, dizendo que as eleições de 2022 foram fraudadas. Todo o conteúdo da live era mentiroso.
No relatório anterior da PF, Reginaldo foi citado por imprimir no Palácio do Planalto um documento que era parte do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa os assassinatos de Lula, seu vice Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes.
A Polícia Federal ainda encontrou provas de que ele atuou no monitoramento do ministro Gilmar Mendes, também do Supremo Tribunal Federal. Ele fotografou Mendes no aeroporto de Lisboa, capital de Portugal, e enviou o registro para Mario Fernandes. Em seguida, entrou no mesmo voo.
O “kid preto” Rodrigo Bezerra Azevedo participou do trabalho de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, que serviria para o assassinato ou prisão deste quando da realização do golpe.
“Os elementos de prova apresentados são convergentes para demonstrar a participação de Rodrigo Bezerra Azevedo na ação clandestina do dia 15/12/2022, que tinha o objetivo de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes, integrando o núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas”, diz o relatório complementar.
No documento anterior, Rodrigo era citado como o responsável por um dos telefones utilizados na ação “Copa 2022”, quando o grupo criminoso foi a campo para realizar o assassinato. A ação ocorreria no dia 15 de dezembro de 2022, mas foi abortada de última hora. No grupo, seu codinome era “Brasil”.
O relatório complementar foi elaborado com as diligências realizadas após a Operação Contragolpe, que prendeu os envolvidos nos planos de assassinatos.
Fonte: Página 8