Produção industrial recua 0,2% em outubro
A produção industrial nacional recuou -0,2% em outubro deste ano na comparação com setembro (+1%), na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (4). O resultado interrompe dois meses consecutivos de crescimento e anula parte do ganho acumulado no período (1,2%).
Em relação a outubro de 2023, a indústria cresceu 5,8% em sua produção. No ano, acumula alta de 3,4% e, em 12 meses, um avanço de 3,0%.
Mesmo com os resultados, a indústria brasileira está 14,4% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Em outubro, a produção pelas indústrias de transformação ficou praticamente estagnada, ao variar 0,1% no mês ante setembro (+1,7%).
Ao todo seis dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram redução na produção. Segundo o IBGE, as maiores influências para a queda da produção da indústria geral vieram das atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,0%) de bebidas (-1,1%) e pelas indústrias extrativas (-0,2%).
Três das quatro grandes categorias industriais pesquisadas pelo IBGE tiveram crescimento em sua produção em outubro ante setembro: bens de capital (+1,6%), bens intermediários (+0,4%) e bens de consumo duráveis (+4,4%). A produção de bens de consumo semi e não duráveis recuou -0,7% no período.
Ontem (3), o IBGE divulgou que o Brasil obteve um crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9% no terceiro trimestre deste ano, sendo uma desaceleração frente ao trimestre imediatamente anterior (+1,4%), mas um resultado melhor do que o verificado no mesmo trimestre de 2023 (+0,2%).
No terceiro trimestre, o PIB da Indústria cresceu 0,6% em relação ao segundo trimestre deste ano (1,6%) – com destaque para o avanço na Indústria de transformação (1,3%), após alta de 2,0% no segundo trimestre e de 1,1% no primeiro trimestre.
Considerando que houve uma desaceleração, ainda que moderada, da atividade econômica brasileira no terceiro trimestre deste ano, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) alerta que “a intensificação do aperto monetário” pode prejudicar o processo de recuperação do setor.
“Há uma tendência de piora das condições financeiras ao longo desse ano, que foi acentuada nos últimos meses, sobretudo devido ao aumento dos juros, tanto externos, quanto doméstico”, afirma a entidade, lembrando que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu retomar o ritmo de elevação da taxa de juros básica da economia (Selic) a partir de setembro deste ano.
Por sua vez, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) destaca que os resultados positivos do PIB em 2024 refletem a “melhora das condições de crédito promovida pela série de cortes da taxa básica de juros, a Selic, que precedeu nova fase de elevação inaugurada em set/24”, além dos programas governamentais de transferência de renda.
O IEDI projeta que “a subida recente dos juros, à medida que seja repassada às taxas de empréstimo, tende a desestimular as decisões de investimento, bem como o consumo de bens duráveis”.
Entre as reuniões do Copom, realizadas em agosto e novembro deste ano, o colegiado de diretores do BC realizou dois acréscimos na taxa Selic, um de 0,25 ponto percentual (p.p) em agosto e outro de 0,50% p.p em novembro, que saiu dos 10,50% para 11,25% ao ano.
Na próxima reunião do Copom, que ocorre na semana que vem (11 e 12 de dezembro), o Copom deve elevar ainda mais o nível dos juros, com um acréscimo de 0,75 p.p na Selic, o que colocaria a taxa de juros nominal em 12% no final deste ano, como tem defendido os bancos e rentistas, que buscam elevar ainda mais seus ganhos nas aplicações financeiras. Em 12 meses até outubro, a gastança dos cofres públicos com o pagamento dos juros da dívida atingiu a ordem de R$ 869 bilhões.
Fonte: Página 8