Privatização de escolas no Paraná beneficia grupos empresariais
O projeto de privatização de escolas estaduais no Paraná pode ter um desfecho que, se confirmado, comprometerá, ainda mais, o direito à uma educação pública e de qualidade. Nesta quinta-feira (5), por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seed), o governador Ratinho Jr. (PSD) informou que o Grupo Impulso Educação (Salta) foi o mais bem posicionado nos 15 lotes do programa Parceiros da Escola.
Um dos principais acionistas do grupo é o bilionário Jorge Paulo Lemann, sócio da Gera Capital, uma das controladoras do grupo. Com isso, a gestão de 177 unidades escolares que estão sendo rifadas por Ratinho, pode cair no colo de Lemann, o segundo homem mais rico do país. Sua fortuna, de acordo com a lista deste ano da revista Forbes, é de US$ 16,1 bilhões.
O empresário, junto aos também bilionários Marcel Telles e Carlos Sicupira, é dono da 3G, controladora da Americanas. No ano passado, a varejista foi alvo de uma fraude contábil ao omitir um rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço. O desfalque, tornado público em janeiro de 2023, somado às dívidas da empresa, superaram R$ 40 bilhões, levando a Americanas a pedir recuperação judicial. Além disso, os papéis da companhia sofreram, à época, desvalorização de mais de 90% com a revelação da fraude.
Além da Gera Capital, o controle dos lotes mais lucrativos das escolas terceirizadas no Paraná ficará nas mãos de um grupo de investidores que inclui os acionistas Warburg Pincus, com 18%, Atmos e Mission, ambos com 19% cada. Os 19% restantes são repartidos entre acionistas menores. A informação é do Jornal
A posição do Grupo Impulso Educação (Salta) em primeiro lugar revela a clara intenção do entreguista Ratinho de transferir recursos públicos para encher às burras do baronato empresarial. O programa Parceiro da Escola, prevê o repasse da astronômica quantia de R$ 1,8 bilhão em impostos pagos pela população paranaense para a iniciativa privada ao longo de quatro anos.
Conhecido anteriormente como Eleva, o Grupo Salta foi fundado em 2013 e já é responsável pela administração de cerca de 180 escolas em todo o país, atendendo mais de 130 mil alunos. Com um faturamento anual de aproximadamente R$ 2 bilhões, o grupo representa a mercantilização da educação, um setor que deveria ser um direito universal e acessível a todos, e não uma oportunidade de lucro para investidores.
Em defesa da escola pública e de qualidade, a presidente da APP-Sindicato, que representa os servidores da Educação estadual paranaense, critica a proposta. “Aquele real que aumentou no financiamento da Educação, o governador quer repassá-lo para o bolso do empresário na forma de lucro. Esse é um dos motivos centrais pelos quais nós somos contrários ao Parceiros da Escola”, diz Walkiria Mazeto.
“Se o governo quisesse mesmo, discutir conosco, trabalhadores da Educação, que fazemos a educação todo dia, com você, pai, mãe, comunidade, estudantes – se ele quisesse mesmo discutir conosco melhoria na qualidade da educação – teria feito plenárias, conferências e outros movimentos para nos ouvir, porque nós temos sugestões de como melhorar a Educação desse Estado”, completa Walkiria.
Fonte: Página 8