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O policial militar que jogou um homem da ponte, na zona Sul de São Paulo, foi preso na manhã desta quinta-feira (5). O soldado Luan Felipe Alves Pereira está detido na sede da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo. O Tribunal de Justiça Militar aceitou o pedido de prisão realizado pela Corregedoria na última quarta (4).

Ele já estava afastado das atividades operacionais desde a terça (3). Além dele, outros 12 agentes também seguiram a determinação da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Um vídeo flagrou um policial jogando um motociclista em uma ponte no bairro Vila Clara, na região de Cidade Ademar. Luan e os outros militares pertencem ao 24º Batalhão de Diadema.

Luan Pereira ficará preso no Presídio Militar Romão Gomes, na zona Norte de São Paulo. Em depoimento, o policial afirmou que o objetivo dele era imobilizar o homem após ele ter, supostamente, resistido a uma abordagem policial. Segundo o PM, a intenção era jogá-lo no chão, e não do muro.

O militar já foi acusado pela morte de um suspeito com 12 tiros após uma perseguição em Diadema, na Grande São Paulo. O caso, que inicialmente tramitou na Justiça Militar, foi encaminhado à Justiça comum, sob suspeita de homicídio doloso, mas acabou arquivado em janeiro deste ano.

Os policiais militares investigados por este caso, relataram a dinâmica da ocorrência a advogados durante breve reunião em frente à Corregedoria da Polícia Militar, na região central de São Paulo.

Na imagem é possível ver quatro PMs, nenhum deles foi identificado, e três advogados na calçada. Um dos agentes, que aparece de costas, é quem descreve com mais detalhes a perseguição que terminou com o rapaz sendo arremessado da ponte por um PM. Segundo moradores que testemunharam a ação, a vítima saiu andando do local.

Apesar da distância e do barulho na rua, é possível ouvir do PM que relata a ocorrência aos advogados que ele tentou “acertar” o “moleque de azul” durante a perseguição e que “teria descido para dar um tiro” no rapaz, até a noite de terça, a vítima não havia sido localizada.

“Alinhadinho ali na base 1 [sic]. Aí vem uma motinho e de um lado o moleque sai correndo. Aí eu saio de dentro da viatura e tento acertar ele. Não acertei. Desembarquei. Isso quando eu subo, aí é justamente o moleque de azul, eu vi que ele chegou ali em cima…. [inaudível]. Eu teria descido para dar um tiro… [inaudível]. Aí eu pensei muito naquilo… [inaudível]”, afirma o PM.

A gravação foi feita na tarde de terça, quando os policiais militares compareceram à Corregedoria para dar início aos depoimentos. Ao todo, 13 PMs foram afastados das atividades na rua. Os nomes dos outros agentes não foram divulgados.

Os policiais militares envolvidos na ocorrência em que o homem foi jogado pelo soldado Luan Felipe Alves Pereira afirmaram em um relatório interno, elaborado após o caso, que a Polícia Civil teria dispensado o registro do caso.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo desmente a versão dos PMs. A pasta afirma que “até o momento” a Polícia Civil não localizou “registro nem apresentação” do caso, a princípio descrito pelos PMs, ainda no registro interno, como “disparo de arma de fogo”.

Os policiais do 24º Batalhão omitiram no relatório interno, não reportado na delegacia, que o soldado Luan Felipe havia arremessado o homem na ponte do bairro Cidade Ademar durante uma abordagem.

Em nota, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou a ação do policial que arremessou o suspeito da ponte. Segundo Tarcísio, o PM que aparece no vídeo “não está à altura de usar a farda” da corporação.“A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. [O] policial está na rua para enfrentar o crime e para fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”, disse Tarcísio em nota nas redes sociais.

Fonte: Página 8