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O policial militar Vinicius de Lima Britto, flagrado por câmeras de segurança executando Gabriel Renan da Silva Soares, 26, pelas costas, foi preso na noite desta quinta-feira (5). O crime ocorreu em frente a um mercado na Zona Sul de São Paulo.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o PM será transferido ao Presídio da Polícia Militar Romão Gomes nesta sexta-feira (6), após audiência de custódia. A prisão ocorre um mês após as imagens virem a público, expondo a demora na tomada de medidas.

Gabriel, que era negro, foi morto a tiros enquanto tentava fugir do local após furtar pacotes de sabão em pó. O PM, que estava de folga, alegou legítima defesa, mas as gravações mostram o jovem desarmado, caído no estacionamento, sendo atingido pelas costas.

A Promotoria ofereceu denúncia contra Vinicius por homicídio qualificado, apontando brutalidade, motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. A denúncia destaca ainda o risco à ordem pública e às testemunhas caso o acusado permaneça em liberdade.

Além desse caso, Vinicius já é investigado por outros dois homicídios em São Vicente, litoral paulista.

Vinicius havia sido reprovado em um exame psicológico da PM em 2021, mas foi aprovado em um novo concurso em 2022, após ingressar com uma liminar contra a reprovação inicial. O caso reacendeu debates sobre o controle psicológico de candidatos à corporação e o racismo nas abordagens policiais.

A mãe de Gabriel, Silvia Aparecida da Silva, descreveu o filho como “doce e sonhador”, apesar de sua luta contra o vício em drogas. Em desabafo, criticou a ação policial e pediu Justiça.

“Gabriel era um menino doce, meigo e sonhador. Me falava que ia dar uma casa. Ele só tinha 26 anos. Uma vida inteira pela frente […] Eu estou destruída por dentro. Tenho problemas no coração, uso marca-passo. Estou sofrendo muito, é uma dor que não tem como explicar. Só sei que dói ter perdido meu filho”, desabafou Silvia.

O jovem morava com a mãe e os dois irmãos próximo ao mercado Oxxo. Ela percebeu que Gabriel não havia voltado para casa por volta das 5h de segunda (4). O irmão de Gabriel contou à mãe que passou pelo mercado por volta da meia-noite e viu uma pessoa morta no chão coberta por uma lona: “a bota era igual à do meu irmão”.

Silvia chegou a ir trabalhar, porém como Gabriel não apareceu, decidiu procurá-lo pelo bairro com o ex-marido. Ao chegar no mercado, um funcionário informou aos pais que “mataram um nóia”. Foi neste momento que Silvia e Antônio descobriram a morte do filho.

“Foi muito covarde. Podia ter sido preso. Existe cadeia para isso que é o procedimento, porque você ter uma arma Glock .40. Um tiro só já faz um estrago”, disse Silvia indignada.Para a família, a versão apresentada pelo policial militar e pelo atendente do mercado é contraditória. Eles afirmam que Gabriel não fugiu após ser baleado e ainda se voltou contra o agente. “Se você tomar um tiro, qual é a sua reação? Sair correndo, não voltar para o local que o cara está atirando”, afirma o pai.

Fonte: Página 8