Panamá responde a Trump: “Cada metro quadrado do Canal seguirá nosso”
“Compatriotas, como presidente quero expressar de maneira precisa que cada metro quadrado do Canal do Panamá e suas áreas adjacentes é do Panamá e seguirá sendo”, afirmou o presidente José Raúl Mulino, respondendo a chantagem feita por Donald Trump no sábado (21) de que os Estados Unidos iria retomá-lo para si caso o país centro-americano não baixasse o valor das tarifas “exorbitantes”.
Trump, que assume a presidência dos EUA em janeiro, ameaçou reassumir o controle que seu país exerceu do Canal desde o dia 15 de agosto de 1914 – quando a potência imperialista tornou-se o seu único dono e da zona próxima, beneficiando-se das imensas riquezas que gerou até 1977.
Segundo Trump, isso se tornará inevitável se “as taxas cobradas pelo Panamá” continuarem sendo “ridículas, especialmente sabendo da extraordinária generosidade que foi concedida pelos EUA”. Convertendo o assalto praticado por décadas em “gesto magnânimo de doação”, o magnata estadunidense declarou que se tais atos “não forem retribuídos, então prosseguiremos exigindo que o Canal do Panamá nos seja devolvido, na íntegra e sem quaisquer perguntas”.
Imediatamente, num pronunciamento à nação neste domingo (22), Mulino esclareceu que “a soberania e a independência do nosso país não são negociáveis” e que “cada panamenho aqui ou em qualquer lugar do mundo carrega isso no coração e faz parte da nossa história de luta e de uma conquista irreversível”.
Para o presidente, “este é o maior tributo que merecem os mártires de nove de janeiro de 1964, que sacrificaram suas vidas na luta pela soberania e dignidade do nosso país, e todos os panamenhos que participaram de uma luta generacional sem precedentes”.
Naquela data, uma multidão de patriotas tentou hastear a bandeira do Panamá no enclave colonial da Zona do Canal, com as tropas estadunidenses abrindo fogo. Ao menos 22 pessoas foram assassinadas e mais de 500 feridas, forçando a pressão pelo fim do enclave, retomada posteriormente pelas forças nacionalistas, tendo a frente o comandante Omar Torrijos.
“O canal não está sob controle direto ou indireto nem da China, nem da Comunidade Europeia, nem dos Estados Unidos ou de qualquer outra potência. Como panamenho rechaço veementemente qualquer manifestação que distorça esta realidade”, esclareceu José Raúl Mulino, destacando a importância dos acordos Torrijos-Carter de 1977 para assegurar o princípio de não-intervenção.
“Nós, panamenhos, podemos pensar diferente em muitos aspectos, mas quando se trata do nosso Canal e da nossa soberania, todos nos unimos sob uma única bandeira, a do Panamá”, enfatizou.
Fonte: Papiro