Manifestantes ocupam o centro de Seul pelo impeachment de Yoon Suk-yeol | Foto: AFP

Seis partidos de oposição da Coreia do Sul apresentaram um projeto de lei pedindo o impeachment do presidente, Yoon Suk-yeol, que tinha decretado lei marcial na terça-feira (3) e suspendido a medida depois de algumas horas, após os protestos generalizados no país.

“Apresentamos uma moção para destituí-lo, preparada em caráter de urgência”, anunciaram nesta quarta-feira em entrevista coletiva os representantes dos seis partidos, liderados pelo mais importante deles, o Partido Democrático, informou a agência de notícias Yonhap.

“Não ficaremos sentados de braços cruzados e assistindo ao crime do presidente de destruir a Constituição e pisotear a democracia”, declarou o líder do Partido Democrático, Lee Jae-myung.

O presidente sul-coreano anunciou a introdução da lei marcial, a primeira desde a instauração de um regime democrático no país em 1987, na terça-feira tarde da noite. Para justificar a medida, Yoon afirmou que a oposição, que tem a maioria dos assentos no parlamento, estava paralisando o trabalho do poder executivo ao tentar o impeachment de seus representantes, incluindo figuras-chave do governo. E enfatizou em um discurso ‘solene’ na televisão que era necessário “salvaguardar uma Coreia do Sul liberal das ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte”.

A Assembleia Nacional, o parlamento da Coreia do Sul, reagiu à imposição da lei marcial rapidamente, e a rejeitou por 190 a zero, com o voto de todos os deputados presentes, tanto governistas, quanto da oposição.

A agência de notícias Yonhap assinalou que, de acordo com as normas, o projeto de lei será discutido no parlamento em 5 de dezembro, e a votação ocorrerá dentro de 24 a 72 horas depois. Isso significa que a decisão de impeachment do presidente sul-coreano pode ser tomada em 6 ou 7 de dezembro. Um total de 191 legisladores até agora apoiaram o projeto de lei.

A Assembleia Nacional tem 300 assentos, 108 dos quais são controlados pelo Partido do Poder Popular do presidente. Dois terços dos legisladores, ou seja 200, devem votar a favor do projeto de lei para o impeachment de Yoon Suk-yeol passar. Se receber os votos suficientes, a questão será revisada pelo Tribunal Constitucional. Seis de nove juízes teriam que apoiar o impeachment do presidente.

O Partido Democrático, além de exigir a renúncia de Yoon, anunciou ações judiciais contra o presidente, seus ministros da Defesa e do Interior, além de vários comandantes militares e policiais envolvidos.

Enquanto o assunto estiver sendo considerado pelo Tribunal Constitucional, os poderes do presidente serão congelados. O primeiro-ministro agirá em seu lugar.

Com faixas, cartazes e slogans exigindo a renúncia de Yoon, milhares de pessoas caminharam, na quarta-feira (4), em direção à praça central Gwanghwamun, em Seul, para apoiar o pedido da oposição para destituir o presidente.

Na mesma direção, a Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU), a maior organização sindical da Coreia do Sul, declarou esta quarta-feira uma greve geral por tempo indeterminado, exigindo a demissão imediata de Yoon, em resposta à lei marcial decretada pelo presidente e levantada em questão de horas graças à rejeição da Assembleia Geral.

“Os membros da KCTU deixarão de trabalhar de acordo com as diretrizes da greve, pedem a renúncia de Yoon Suk Yeol por traição e conduzirão ações de emergência em todo o país para a reforma social e a realização da soberania popular”, acrescentou a Confederação.

“O presidente revelou a sua postura ditatorial antidemocrática ao recorrer a esta medida inconstitucional e extrema”, declarou a KCTU. “Isto marca o fim do seu regime. Nós, juntamente com todo o povo desta nação, não ficaremos de braços cruzados”, afirmou a entidade em conferência de imprensa noticiada pelo jornal ‘The Korea Herald’.

Fonte: Papiro