O presidente Diomaye Faye afirmou que o Senegal soberano não pode aceitar bases externas no seu território | Foto: AP/Mosaab-Elshamy

O primeiro-ministro de Senegal, Ousmane Sonko, afirmou na sexta-feira (27) que seu país fechará todas as bases militares estrangeiras em um futuro próximo.

“No que diz respeito à soberania em matéria de defesa, o presidente da República (Bassirou Diomaye Faye) anunciou o próximo encerramento das bases militares estrangeiras no Senegal. De todas as bases militares no Senegal”, sublinhou o primeiro-ministro na sua primeira Declaração de Política Geral (DPG) no Parlamento.

Além disso, Sonko insistiu que chegou a hora do Senegal “gerir a sua própria defesa e o seu território, sem influências externas” e o país tomou esta medida no desejo de “reforçar a autonomia nacional em questões de segurança”.

“Mais de 60 anos depois da nossa independência […] devemos questionar as razões pelas quais o Exército Francês, por exemplo, ainda se beneficia de várias bases militares no nosso país e o impacto desta presença na nossa soberania nacional e na nossa autonomia estratégica”, disse o primeiro-ministro em uma entrevista coletiva conjunta com o político de esquerda francês Jean-Luc Melenchon na capital senegalesa, Dakar.

Ele sublinhou que a nação senegalesa deseja “ter o seu próprio controle, o que é incompatível com a presença a longo prazo de bases militares estrangeiras no Senegal”.

BASES MILITARES DA FRANÇA AMEAÇAM SOBERANIA

O presidente Bassirou Diomaye Faye já havia sublinhado no final do mês de novembro último que como potência colonialista a França precisa fechar todas as suas bases militares no país e no conjunto da África. Conforme Faye, que assumiu o governo em março, a manutenção desta ocupação é “incompatível” com a soberania que o Senegal busca conquistar.

“O Senegal é um país independente, é um país soberano, e a soberania não aceita a presença de bases militares externas em um país soberano”, reiterou o líder. Segundo Faye, isso significa abrir caminhos e andar com as próprias pernas sem interferência, mas valorizando as contribuições.  “Hoje, a China é nosso maior parceiro comercial em termos de investimento e comércio. A China tem presença militar no Senegal? Não”, assinalou.

Reiterando sua autonomia, o presidente senegalês disse que a França continua sendo um “parceiro importante em termos de investimento” e garantiu que, sempre que respeitem a legislação do país, cidadãos e empresas francesas são bem-vindos.

Em 2010, iniciou-se uma nova orientação política em relação à presença militar estrangeira no Senegal, especialmente o dispositivo militar francês. Desde então, o número de militares foi reduzido dos iniciais 1.200 para os atuais cerca de 350, que constituem os chamados Elementos Franceses no Senegal (EFS).

O interesse do Senegal em encerrar as últimas bases francesas no país surge ao mesmo tempo em que o sentimento anti-colonialista obrigou Paris a retirar as suas tropas do Níger, Burkina Faso, Guiné, Mali e Chade, o que representa o declínio do colonialismo francês na África.

Fonte: Papiro