Flávio Bolsonaro ataca a PF para proteger o pai e sua quadrilha de golpista
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que a investigação feita pela Polícia Federal que revelou os planos golpistas de seu pai, Jair Bolsonaro, é “viagem de alguém que usou droga pesada”.
“Quem ia ser o ditador do Brasil? Qual ia ser a função de cada um? Iam negociar com quem? Tinham braço armado, tinham forças armadas, tinham forças auxiliares ao seu lado?”, questionou Flávio em entrevista ao UOL.
“Não tinha nada”, alega o bolsonarista. “É uma viagem de alguém que usou droga pesada. Simplesmente é inexequível aquilo que foi cogitado. Se foi cogitado, é inexequível”.
Todas essas perguntas foram respondidas pela Polícia Federal, que colheu e analisou provas de diversas fontes.
A PF revelou que Jair Bolsonaro “efetivamente planejou, dirigiu e executou (…) atos concretos que objetivavam a abolição do Estado Democrático de Direito, com a sua permanência no cargo de Presidente da República Federativa do Brasil, fato que não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade”.
Ou seja, Jair Bolsonaro era o líder do grupo golpista, tendo o objetivo de manter-se, de forma ilegal, no poder.
O grupo se dividiu em seis núcleos, com funções e membros próprios. São eles: Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado; Núcleo Jurídico; Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas; Núcleo de Inteligência Paralela; Núcleo de Operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
O trabalho desses núcleos era coordenado por Jair Bolsonaro. O grupo buscou, ao longo de anos, disseminar mentiras sobre as urnas eletrônicas para que, quando derrotados nas eleições, utilizassem o argumento de que houve fraude. Ao mesmo tempo, havia uma pressão para que militares aderissem ao golpe.
Para a realização do golpe, Jair Bolsonaro deixou pronto um decreto presidencial que, quando assinado, anularia as eleições e instalaria uma ditadura.
O grupo já fazia o monitoramento de autoridades, como o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para realizar sua prisão.
O decreto, conforme mostram as provas colhidas pela PF, foi produzido por Jair Bolsonaro junto com seus assessores. Ele chegou a apresentar o documento para os comandantes das Forças Armadas para buscar apoio, mas não conseguiu.
A Polícia Federal fala de forma clara que o golpe não ocorreu porque Jair Bolsonaro não conseguiu apoio nas Forças Armadas.
“Destaca-se a resistência dos comandantes da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Junior, e do Exército, general Freire Gomes e da maioria do Alto Comando que permaneceram fiéis à defesa do Estado Democrático de Direito, não dando o suporte armado para que o então presidente da República consumasse o golpe de Estado”, escreveram os investigadores.
Após a assinatura do decreto golpista, o grupo havia planejado a instalação de um “Gabinete Institucional de Crise”, que seria comandado exclusivamente por militares aliados de Jair Bolsonaro. O órgão teria como função garantir que os termos do decreto fossem devidamente aplicados. Isto é, que a ditadura fosse instalada.
Fonte: Página 8