Estudantes de Oxford pedem que universidades cortem investimentos em firmas israelenses | Foto: Reprodução

A Oxford Union, organização dos estudantes da Universidade inglesa de Oxford, fundada em 1823, realizou um prestigiado debate na quinta-feira (28) sob a moção: “Esta casa acredita que Israel é um estado de apartheid responsável por genocídio”. A moção foi aprovada com a maioria de 278 a 59.

O debate contou com muitas intervenções que expressaram as polêmicas presentes na sociedade inglesa, com alguns palestrantes sendo interrompidos diversas vezes por estudantes levantando objeções.

Yoseph Haddad, defensor de Israel que provocativamente levantou cartazes durante seu discurso, vestiu uma camiseta com uma foto do líder morto do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e a legenda: “Seu herói terrorista está morto! Nós fizemos isso”, foi obrigado a deixar o local.

Durante o discurso de Haddad, um estudante palestino que cresceu em Gaza se levantou e afirmou que se sentiu pessoalmente insultado, pedindo a Ebrahim Osman-Mowafy, presidente do fórum, que Haddad fosse expulso. Haddad respondeu gritando com ele e recebeu um aviso.

O rapaz palestino, que estuda matemática e física, mais tarde fez um discurso improvisado em um intervalo entre os discursos programados, denunciando o genocídio.

Outra estudante, uma jovem palestina, também fez um discurso improvisado no qual explicou que era prima de Maisara al-Rayyes, uma médica palestina recentemente assassinada em um ataque aéreo israelense em Gaza. 

Ambos os discursos receberam longas ovações. Mas, logo depois, Haddad foi visto provocando, acenando cartazes racistas perto do rosto da jovem, momento em que o líder da organização estudantil ordenou que ele deixasse o local do evento, e ele foi escoltado para fora por dois seguranças enquanto os membros da audiência gritavam “vergonha!”, “colaborador” e “idiota”.

Ebrahim Osman-Mowafy defendeu a moção homenageando o proeminente acadêmico americano Norman Finkelstein que estava escalado para falar, mas não pôde comparecer.

Referindo-se a Shaban al-Daloum, de 19 anos, que foi queimado vivo em outubro após um ataque aéreo israelense ao hospital de Al-Aqsa, no norte de Gaza, Osman-Mowafy afirmou que a morte de Daloum foi parte do “holocausto” de Israel em Gaza.

A importante autora palestino-estadunidense Susan Abulhawa também falou a favor da proposta.

O debate aconteceu dias depois que o Centro Internacional de Justiça para os Palestinos (CIJP), organização sediada no Reino Unido, apresentou uma queixa formal na terça-feira (26) à Comissão de Caridade contra a faculdade “All Souls College” de Oxford, depois que foi descoberto que ela tinha mais de £ 1 milhão (US$ 1,26 milhão) em investimentos em quatro empresas listadas pelas Nações Unidas como envolvidas em assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados. 

O CIJP alegou em sua queixa que esses investimentos violavam não apenas a lei internacional, mas também a lei doméstica britânica.

Fonte: Papiro