Operário em fábrica da Volkswagen, a que mais demite | Foto: VW

A indústria automobilística da Europa apresenta crise agravada desde o encarecimento dos preços do gás usado na fabricação de carros. A demissão de mais de 50 mil trabalhadores e o fechamento de várias fábricas europeias é a sombria previsão para este setor.

Das demissões previstas para este ano, mais de 10 mil desses empregos só na Alemanha, carro-chefe da indústria automobilística da Europa.

Empresas automobilísticas na Europa, como a Bosh, Ford, Valeo, ZF Friedrichshafen e Continental, estão anunciando demissões em massa devido ao elevado custo, decorrente das sanções contra a Rússia, às quais a União Europeia aderiu, submetida à Guerra Fria puxada por Washington.

Também influem na mesma direção crítica o rebaixamento no volume de vendas frente à intensa concorrência com os veículos chineses, mais baratos e com tecnologia mais atual – em particular os carros elétricos -, uma vez que Pequim negou-se a adotar as sanções à Rússia e se beneficia de uma economia planificada, em crescimento, com reservas disponíveis, aplicadas em seu projeto de industrialização.

A União Europeia já anunciou tarifas para os carros chineses na ânsia de retardar o avanço da China sobre o mercado europeu. A Chery Automobile, estatal chinesa que fabrica carros, está adiando as reformas de uma fábrica na Espanha para fabricação de carros elétricos em meio a essas tensões comerciais.

A demora da Volkswagen em aderir à mudança para a eletrificação na produção de carros, por exemplo, ocasionou em uma crise existencial com as concorrentes chinesas levando vantagem na venda de carros elétricos. As vendas de veículos elétricos da Volkswagen no terceiro trimestre de 2024 ficaram 60% abaixo do esperado.

A ZF Friedrichshafen, produtora de peças automotivas, anunciou as demissões de 11 mil a 14 mil funcionários até 2028. A Bosch, empresa fornecedora de tecnologia industrial, anunciou que vai demitir 12 mil trabalhadores, mais da metade na Alemanha. 

A Continental, fabricante de pneus e peças de automóveis, vai demitir mais 7.150 empregados, 3.000 deles na Europa. A Forvia, empresa francesa que fabrica itens automotivos, vai cortar mais de 10 mil empregos até 2028.

A Valeo, fabricante de peças automotivas, fechou duas fábricas na França e anunciou o corte de 1 mil empregos. A competição com produtos mais baratos chineses atingiu as fabricantes de peças de automóveis com força. A Valeo também está planejando reduzir sua força de trabalho na França, na Alemanha, na Polônia e na República Tcheca.

Essa contração na indústria de fabricação de automóveis bota em cheque a liderança europeia na fabricação de automóveis no mundo. Desde 2020, os europeus perderam mais de 86 mil empregos no setor.

Fonte: Papiro