CNE: Eletrobrás privatizada se beneficia de lucro enquanto deteriora condições de trabalho
Em Boletim Informativo, o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) denuncia que a precarização das relações de trabalho e o sucateamento da estrutura da Eletrobrás, após a privatização, tem provocado o aumento dos acidentes de trabalho, muitos deles levando os trabalhadores a óbito.
A privatização transformou-se em uma crise sem precedentes para os trabalhadores do setor elétrico. Com o objetivo de aumentar sua taxa de lucro, a nova controladora já demitiu cerca de cinco mil trabalhadores.
“Enquanto os executivos se empanturram de bônus milionários e fazem festas no Rio de Janeiro para celebrar, cortam técnicos experientes para ‘reduzir custos’. O trabalhador que fica é obrigado a lidar com equipamentos mal mantidos, sistemas precários e um ambiente de trabalho cada vez mais inseguro. É a ganância no seu estado mais puro: priorizar lucros exorbitantes às custas do sangue, suor e, neste caso, da vida de quem sustenta a operação”, diz o documento.
A entidade alerta que esse processo provocou um aumento alarmante de acidentes de trabalho e o adoecimento mental dos profissionais. De acordo com o Boletim, recentemente ocorreu mais um grave acidente de trabalho na Subestação de Guamá, em Belém-PA. Em uma explosão, o operador teve 60% do corpo queimado, “enquanto tentava resolver mais um problema que não deveria sequer ter ocorrido”.
“Mais um trabalhador pagando com sua saúde e sua vida em risco pelo descaso de uma empresa que só pensa em lucro. O operador, ao cumprir seu dever de garantir o funcionamento de um sistema que serve a toda a sociedade, foi vítima de um acidente trágico, resultado direto da negligência e da ganância da gestão da Eletrobrás”, disse a CNE.
Os eletricitários apontam que a tragédia é atribuída à falta de manutenção adequada e à escassez de profissionais experientes, resultado direto das demissões em massa promovidas pela empresa.
Enquanto isso, revela o CNE, a alta cúpula da Eletrobrás celebra festas luxuosas no Rio de Janeiro, “regadas a espumantes e bônus milionários” às custas da saúde e bem-estar dos trabalhadores. “Nós chamamos isso de desumanidade […] Essa postura tem gerado revolta entre os trabalhadores, que denunciam uma gestão desumanizadora, voltada exclusivamente para o lucro em detrimento da segurança e bem-estar da equipe”, disse.
O coletivo alerta que a empresa vive um processo de sucateamento acelerado, com cortes de técnicos experientes e a substituição por políticas que promovem a precarização, como treinamentos online insuficientes e mudanças constantes nos normativos operacionais, o que tem exposto os trabalhadores a riscos de acidentes.
A denúncia é reforçada por relatos de um ambiente organizacional deteriorado, onde o medo de novos acidentes e a pressão por resultados têm adoecido física e mentalmente os trabalhadores. “Enquanto o operador luta pela sua vida em uma UTI de hospital no Pará […] chega ser ridícula a mensagem enviada por e-mail aos nossos empregados pedindo empenho por segurança do trabalho assinada por Ivan Monteiro (presidente) e Vicente Falconi (presidente do Conselho). Só falta agora responsabilizar o trabalhador! Foram vocês da direção da Eletrobrás que demitiram em massa, sucatearam e precarizaram a empresa. Assumam a responsabilidade de vocês!”, diz a nota.
“Se querem resolver o problema, não terceirizem a responsabilidade para os trabalhadores. Trabalhem para justificar seus bônus milionários! Comecem primarizando e reestruturando a área de segurança do trabalho. Parem com os treinamentos online, voltem a fazer presencial! Revejam a política destrutiva do técnico de Operação e Manutenção (TOM)”, continua.
O CNE destaca a necessidade de criar novos postos de trabalho e contratar trabalhadores experientes. “Por fim, parem de demitir a memória técnica da empresa. Essa empresa não para em pé!”
“A vida e a segurança de um trabalhador valem muito mais do que qualquer meta de lucro ou bônus corporativo. Não vamos tolerar mais acidentes dilacerando a nossa saúde e sanidade mental! É hora de dar um basta! Chega de vidas perdidas em nome da ganância! Vamos à luta!”, conclui.
Fonte: Página 8